Modelo físico cujos blocos fundamentais são objetos extensos unidimensionais. O interesse na teoria das cordas é dirigido pela grande esperança de que ela possa vir a ser uma teoria de tudo.

31 maio 2007

Bem alto

Duas vezes num dia só. Mas você sabe que é pra você que eu corro quando não estou bem. É sempre pra você que eu corro quando eu quero gritar e não posso. Porque você ouve até o meu sussuro, mesmo quando permanece o silêncio dessa madrugada rotineira. Dessa vida rotineira. Rotina mais volúvel essa minha. E a culpa é toda sua. Mas você me escuta e você percebe junto comigo o quanto isso é irritante. O quanto fotolog é irritante. O quanto orkut é irritante. O quanto blog é irritante. O quanto os pensamentos que surgem instantaneamente e completamente por reflexo na minha cabeça são irritantes. E o quanto o meu medo é irritante e é grande. Mas só é grande porque ela sabe me provocar. Ela sabe nomear todas as minhas coleras. Ela só sabe porque são as dela também. E eu lá quero saber das suas cóleras? Foda-se para você e para as suas vontades. Eu não ligo pra nenhuma delas porque na verdade eu ligo muito. Como não ligar? Elas vêm parar diretamente no meu mais restrito campo de visão. Nos meus mais limitados desejos. E eu odeio tanto você e o seu sorrisinho patético e o seu teatrinho ridículo, no qual você realmente acredita que eu sou o bobo da corte. Pois é, sinto te decepcionar, mas eu sou a maçã. Sinto te desiludir, mas peixe não serve para a minha estória. Vê se vira sapo.. ou pó.

PS: se você ler, não tente entender :*

Eu sei.

Sexo verbal não faz o meu estilo. Palavras são erros, e os erros são seus. Não quero lembrar que eu erro também. Um dia pretendo tentar descobrir por que é mais forte quem sabe mentir. Não quero lembrar que eu minto também. Eu sei. Fecha a porta do seu quarto. Se tocar o telefone, pode ser alguém com que você queira falar por horas e horas. A noite acabou. Talvez tenhamos que fugir sem você, mas não, não vá agora. Quero honras e promessas, lembranças e histórias. Somos pássaro novo longe do ninho.

Renato Russo.

30 maio 2007

Ensino médio

Esse texto não tem nada a ver com os outros. Não vem do mesmo sentimento. Não tem as mesmas palavras bonitas e afáveis. Não é nem sobre as mesma pessoas. É só sobre você. É só sobre a janela e o sol das duas da tarde. Sobre o meu pé gelado e o cobertor. Sobre o beijo. Beijo que eu tentei desenhar. Não me pergunte como eu tive o atrevimento. Beijo que eu tentei apagar. Não me pergunte como eu tive a audácia. Beijo que eu vou sonhar no instante em que eu fechar os olhos hoje a noite. Não me pergunte como eu terei a ousadia. Não me pergunte nada. Queria que você não tivesse perguntado. Queria nem ter saído da janela. Queria nem ter saído das cobertas. Queria nem ter saído. Mas sai. E eu um minuto ou duas horas e meia, tanto faz, eu medrei, eu medei, eu me dei, eu me deitei. Eu sorri. Eu fechei os olhos. Eu durmi. E acordei consorte. E acordei comigo. E acordei sem tigo. Sentido? Sem ter tido tempo nem de parar pra calcular matemática. Sem querer parar pra estudar física. Na verdade eu queria analisar literatura, ou aprender história. Mas acabei escrevendo outra redação.

29 maio 2007

Ermo

Hoje me deu uma vontade de plagiar. Uma vontade imensa de copiar o seu jeito bobo de andar. Me segurei pra não imitar o céu e ser indiferente às coisas que estão acontecendo na terra, no universo. Quase morri pra não te imitar na hora em que você sorriu de mais uma das minhas besteirazinhas que só servem pra te fazer rir e, lógicamente, pra me fazer rir do seu riso. E eu podia imitar aquela florzinha amarela, ou aquele vento que passou e mexeu com o meu cabelo, ou aquela idéia que passou pela sua cabeça e que você deixou passar. E eu podia copiar o seu esforço pra me fazer bem, ou a preocupação em que eu te deixo. E eu podia usar a sua condescendência natural ou artificial, tanto faz, as duas me encantam. Ou até o seu talento, suas habilidades, mas só se alguém copiasse o orgulho que eu tenho de você. Na verdade eu também queria copiar os seus amigos, as suas roupas, o seu estilo, o seu carinho, o seu jeito de falar, a sua vida prudente e sensata. Ah, eu só queria plagiar o mundo. Queria plagiar os suspiros, a calma, os giros, as palmas, os tiros, as almas. Só não queria ser certificada por testemunho publico e popular. Só não queria ser eu hoje. Só isso.


* Só queria esclrecer uma coisa: Os 'vocês' dos meus textos raramente são a mesma pessoa. Num mesmo texto eu uso 'você', 'seu' e 'sua' para pessoas diferentes. No caso deste, considere sete pessoas diferentes. ;)

28 maio 2007

Receita de mulher

É preciso que haja qualquer coisa de flor em tudo isso. Qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute couture em tudo isso (ou então que a mulher se socialize elegantemente em azul, como na República Popular Chinesa). Não há meio-termo possível. É preciso que tudo isso seja belo. É preciso que súbito tenha-se a impressão de ver uma garça apenas pousada e que um rosto adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro minuto da aurora. É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que se reflita e desabroche no olhar dos homens. É preciso, é absolutamente preciso que seja tudo belo e inesperado. É preciso que umas pálpebras cerradas lembrem um verso de Éluard e que se acaricie nuns braços alguma coisa além da carne: que se os toque como no âmbar de uma tarde. Ah, deixai-me dizer-vos que é preciso que a mulher que ali está como a corolaante o pássaro seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem com olhos e nádegas. Nádegas é importantíssimo. Olhos então nem se fala, que olhe com certa maldade inocente. Uma boca fresca (nunca úmida!) é também de extrema pertinência.É preciso que as extremidades sejam magras; que uns ossos despontem, sobretudo a rótula no cruzar das pernas, e as pontas pélvicas no enlaçar de uma cintura sem o vente. Gravíssimo é porém o problema das saboneteiras: uma mulher sem saboneteiras é como um rio sem pontes. Indispensável. Que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguida a mulher se alteie em cálice, e que seus seios sejam uma expressão greco-romana, mas que gótica ou barroca, e possam iluminar o escuro com uma capacidade mínimade cinco velas. Sobremodo pertinaz é estarem a caveira e a coluna vertebral levemente à mostra; e que exista um grande latifúndio dorsal! Os membros que terminem como hastes, mas que haja um certo volume de coxas e que elas sejam lisas, lisas como a pétala e cobertas de suavíssima penugem, no entanto, sensível à carícia em sentido contrário. É aconselhável na axila uma doce relva com aroma próprio apenas sensível (um mínimo de produtos farmacêuticos!). Preferíveis sem dúvida os pescoços longos de forma que a cabeça dê por vezes a impressão de nada ter a ver com o corpo, e a mulher não lembre flores sem mistério. Pés e mãos devem conter elementos góticos discretos. A pele deve ser frescas nas mãos, nos braços, no dorso, e na face, mas que as concavidades e reentrâncias tenham uma temperatura nunca inferior a 37 graus centígrados, podendo eventualmente provocar queimaduras do primeiro grau. Os olhos, que sejam de preferência grandes e de rotação pelo menos tão lenta quanto a da Terra; e que se coloquem sempre para lá de um invisível muro de paixão que é preciso ultrapassar. Que a mulher seja em princípio alta ou, caso baixa, que tenha a atitude mental dos altos píncaros. Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que, se fechar os olhos, ao abri-los ela não estará mais presente com seu sorriso e suas tramas. Que ela surja, não venha; parta, não vá, e que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer beber o fel da dúvida. Oh, sobre tudo, que ela não perca nunca, não importa em que mundo, não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade de pássaro; e que, acariciada no fundo de si mesma,transforme-se em fera sem perder sua graça de ave; e que exale sempre o impossível perfume; e destile sempre o embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina do efêmero; e, em sua incalculável imperfeição, constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável.

Vinicius de Morais

27 maio 2007

Substantivo feminino

E essa mania de saudade? Porque não vai embora? Antes que eu perceba; já disse! Saudade. Saudade de você. Saudade de mim mesma. Saudade das pessoas, que já foram melhores. Saudade de ficar sozinha, sem as pessoas melhores que existem agora. Saudade de não ter pessoas melhores. Saudade da familia, e do bolo, e do barco, e da noite. Saudade da piscina, e da mesa, e da garrafa, e da noite. Saudade da coca-cola, e do chinelo, e da risada, e da noite. Saudade do abraço, e da música, e da conversa, e da noite. Que saudade da noite. Saudade, lembrança, distante, desejo, ausência, querido, flores, nostalgia, pessoas. Que saudade da noite.

26 maio 2007

Alfaias

Eu queria escrever sobre o frio; mas ele já está acabando. Eu queria escrever sobre o meu cansaço; mas estou tão cansada dele. Eu queria escrever sobre os meus amigos; mas tudo que eu escrevesse não seria suficiente. Eu queria escrever sobre lembranças, mas agora não consigo lembrar quais. Eu queria escrever sobre o amor; mas não sei o que é isso. Eu queria escrever sobre um sorriso; mas cadê a minha inspiração? Eu queria escrever sobre os meus problemas; mas eles são tantos. Eu queria escrever sobre o meu dia; mas eu ainda estou dormindo. Eu queria escrever sobre o céu; mas nada sei dele para coloca-lo no papel. Eu queria escrever sobre meus sonhos; mas não sonhei nada essa noite. Eu queria escrever sobre saudade; mas o medo de chorar não deixa. Eu queria escrever um conto-de-fadas; mas tudo na vida é tão real. Eu queria escrever igual criança; mas não tenho a inocência. Eu queria escrever igual adulto; mas não tenho a coerência. Eu queria escrever o que quisesse; mas falta a essência. Eu queria escrevez sobre tristeza; mas falta displicência. Eu queria escrever sobra a alegria; mas falta experiência. Eu queria escrever sobre mim; mas falta paciência. Eu queria escrever sobre você; mas falta insolência.

25 maio 2007

Senhas

Eu não gosto de bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto dos bons modos
Não gosto
Eu aguento até rigores
Eu não tenho pena dos traídos
Eu hospedo infratores e banidos
Eu respeito conveniências
Eu não ligo pra conchavos
Eu suporto aparências
Eu não gosto de maus tratos
Mas o que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto dos bons modos
Não gosto
Eu aguento até os modernos
E seus segundos cadernos
Eu aguento até os caretas
E suas verdades perfeitas
o que eu não gosto é de bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto dos modos
Não gosto
Eu aguento até os estetas
Eu não julgo a competência
Eu não ligo para etiqueta
Eu aplaudo rebeldias
Eu respeito tiranias
E compreendo piedades
Eu não condeno mentiras
Eu não condeno vaidades
o que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto dos modos
Não gosto
Eu gosto dos que têm fome
Dos que morrem de vontade
Dos que secam de desejo
Dos que ardem..

Adriana Calcanhoto

e hoje? tá friiiio! :}

24 maio 2007

Itanhaem

Cansa! As vezes cansa! E vai dando aquela sensação de everything seams the same old same e a gente vai desgastando, e vai parecendo mais e mais com areia. Areia por areia, prefiro ser a da praia. Praia por praia, prefiro aquela com aquele pôr-do-sol visto de cima das pedras e você do meu lado pra me fazer rir e me irritar só porque nós dois sabemos que eu não sei descer. Prefiro quando a gente saia pra andar, totalmente vestidos, e você deixava eu te molhar inteiro antes de sair correndo atrás de mim. Nem sei porque eu lembrei disso. Acho que foi pra fugir um pouco do frio, porque aqui tá fazendo muito frio. Mais frio aqui dentro que lá fora. E aqui não tem areia, tem chuva. E aqui não tem pôr-do-sol, tem tanta nuvem. E aqui não tem rir, a não ser pra não chorar. E aqui tem saudade. Quando você vem? Não demora tá? E não esquece de trazer a areia, as pedras, o pôr-do-sol e o meu sorriso. :*

23 maio 2007

Via Láctea


"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".
(Olavo Bilac)


Nem de parnasianismo eu gosto, mas pra esse poema eu sempre abri uma exceção. (;

22 maio 2007

Alterego


Desabafos? É, vai ser bom.

Eu queria um alterego. Quem sabe assim eu poderia gritar todos os por-dizeres que se perdem no meio do caminho entre a minha mente e a minha boca. E não posso ser culpada por isso. E também, deve ser ótimo esse tipo de catarse de vez em quando, principalmente na situação em que me encontro! Já é a segunda vez essa semana que paro imediatamente o que estou fazendo para escrever! Mas, quem sabe, se eu escrever bastante eu me torne digna de um alterego, se é que ainda sou digna de alguma coisa. E olha que nome bonito; alterego! É, definitivamente, eu queria um. Vou ali no supermercado ver se não compro um... Ou podia dar uma olhada na internet se não tem pra vender. :)