Modelo físico cujos blocos fundamentais são objetos extensos unidimensionais. O interesse na teoria das cordas é dirigido pela grande esperança de que ela possa vir a ser uma teoria de tudo.

04 novembro 2007

36 minutos

O texto a seguir é uma crônica que eu já havia publicado antes em outro blog
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_ E agora, que que eu faço? – se perguntava ao descer do avião, inseguro e ansioso. O aeroporto parecia bem maior do que da última vez que estivera lá. As pessoas passavam do seu lado, porém distantes, e ninguém parecia capaz de ajuda-lo.
Lembrava-se agora de todas às vezes que esteve em um aeroporto, sempre acompanhado de sua mãe ou de um parente maior de idade. Não sabia se comia algo, se procurava um ponto de táxi ou se ligava para sua mãe pra avisar que chegara bem.
_ Melhor eu chegar em “casa” primeiro, aí eu já falo com ela tudo de uma vez.
Aproximou-se de um funcionário – onde posso pegar um táxi?
_ Vá para o andar de cima e procure pelo Banco do Brasil, ao lado tem um ponto de táxi. – respondeu mecanicamente o gigante imóvel. Já deve ter respondido a essa pergunta umas vinte vezes hoje, isso porque ainda são 9:37 da manhã.
O vôo foi rápido, chegou com dez minutos de antecedência. Ao chegar no banco, aproveitou para sacar dinheiro, afinal, não tinha idéia de quanto era a tarifa do taxímetro em Florianópolis e a única referência de distância entre o aeroporto e “sua casa” que tinha, era o google earth.
Enquanto se encaminhava lentamente para o táxi, tirava do bolso um pedaço de papel, arrancado cuidadosamente de um caderno, em que anotara, na noite anterior, o endereço do lugar. Tirou também um esboço de um mapinha, para facilitar a vida do taxista – e do seu bolso.
Durante muitos anos na minha vida andei de táxi pelas ruas de Goiânia. Minha mãe não tinha muito tempo para nos levar para nossas diversas atividades a tarde e, para não irmos de ônibus, fez convênio com uma empresa de táxi. Com o decorrer dos anos, fiquei mais velho e comecei a me sentir mal em ter um “chauffeur”. Sentia vergonha de ir ao shopping de táxi. Sentia vergonha de não saber andar a pé no meu próprio bairro. Sentia vergonha de não saber entrar num ônibus (e muito menos sair).
Foi nessa época que minha maturidade começou a nascer e, hoje, se desencadeou nessa minha vontade de sair de minha cidade, abandonar toda a mordomia em que vivo - como diz minha avó, que foi a que mais gorou meu vestibular – e morar sem bajulações em uma cidade desconhecida. Claro que, além de todo esse desejo de amadurecer mais e aprender as responsabilidades de se virar sozinho, penso também em minha formação acadêmica, que provavelmente será bem melhor.
Conversou bastante com o motorista em vinte minutos. Desde pequeno tem essa mania de bater papo com o taxista. Explicou a ele de onde vinha, o que fazia ali e quais eram suas expectativas para com a cidade. O motorista, quando já chegavam, falou muito bem de floripa, que todos que iam viver lá, adoravam. Quando descia do carro, ganhou um cartãozinho, para quando precisasse de um táxi.
_ Acho que vou gostar daqui. A casa é bonita e, como é perto da faculdade, deve ter muitos calouros, como eu, morando aí também.
Entretanto, não sei se ia querer morar naquela pensão durante quatro anos. Na verdade, eu sempre me imaginei dividindo um apartamento com dois ou três amigos. Mas isso eu vejo depois.
Agora, dentro da casa, já me sentia bem melhor. Não estava mais ansioso e inseguro como no aeroporto. A dona da pensão era muito atenciosa e gentil. No táxi eu aceitei de uma vez que agora essa era a minha cidade e minha nova vida.
Meu quarto estava arrumadinho e até cheiroso. Deixei as malas num canto, me atirei na cama fresquinha e fiquei ali, uns dois minutos sem pensar em nada. Tirei meu celular do bolso. Já eram 10:12 – Caramba! É tão engraçado quando o tempo passa devagar. Esperei mais um minuto. Pensei nos meus amigos. Como os amo. Como me deram força para que hoje eu estivesse aqui. Quatro anos vão passar rápido e eles vão aproveitar bastante também. Chega de enrolação, agora eu preciso ligar e dar notícia...
Disquei cuidadosamente cada tecla, já me acostumando a colocar sempre o DDD e a operadora antes do meu velho conhecido. Chamou apenas uma vez, mas aquele bip durou uma eternidade. Minha mãe atendeu como se tivesse deixado tudo de lado e esperasse apenas meu telefonema durante toda aquela manhã.
_ Alô, mãe? Estou bem, já cheguei em casa.

Fofocando sobre a Perestroika - 11/06/2007

4 comentários:

Anônimo disse...

oi arthur :*
eu adorei a crônica,cada passagem,tudo,tudo ;)
tantos sonhos..
o/
:*

Aline disse...

é.. eu não comentei neste quando vc postou no seu blog, mas eu lembro de tê-lo lido. lembro também que fiquei muito triste. o texto é muito bom, muito bem escrito e a idéia mais o seu ejito de escrever combinaram perfeitamente, mas foi um sentimento de estirão rápido: um dia você tá na sua cama, com o lençol que a mamãe lavou, no outro você está chegando numa cidade nova e desconhecida, sem a cama, comida e roupa lavada de todos os dias e só com a cara e a coragem. pois é, me deu uma saudade antecipada, pode-se dizer assim.

Anônimo disse...

demais cara! =)

Unknown disse...

Faltou você falar da mulherada que iria conhecer. Sabe como é né, nem só de pão vive o homem.

Até