Modelo físico cujos blocos fundamentais são objetos extensos unidimensionais. O interesse na teoria das cordas é dirigido pela grande esperança de que ela possa vir a ser uma teoria de tudo.

24 outubro 2008

hipocondria

parece um mural. um album velho de fotografias, que vem para me tirar aquelas últimas lágrimas que meus olhos insistem em segurar. parece uma viagem no tempo com direito a poses, horrores, lugares, amores e aquela nostalgia que eu tanto lí nas aulas de literatura. e vem trazendo, um por um, os momentos que as vezes eu nem quero lembrar. as pessoas que eu por pouco não esqueci. as músicas, os olhos, as horas, vem todos me apertanto tão forte que chegam a me espremer de dentro de mim, fazendo dois eu: aquele completamente embriagado em lembranças de coisas, pessoas, lugares, que não voltam, e outro olhando e rindo da imbecilidade da menina vírgula, por não conseguir esquecer. por ter medo do futuro e daquele tal caminho que descolorirá e por ela não saber de que cor pintá-lo depois. medo seguido de vontade de dar meia volta e de ter de volta todo aquele passado estampado nas fotos e tudo que ela queria ter dito e não disse, tudo que queria ter feito e não fez. ou as coisas que fez e disse também, não importa, ela só não quer olhar pra frente e ver o abismo que espera cada uma das pessoas que não sabem o que querem. que não querem uma rotina comum, um trabalho comum, uma vida comum. que querem aquilo que não sabem. que abrem a geladeira sem motivo. que mudam de idéia. que cometem erros. que não gostam de cardápios. só não quer olhar para eles. assim, ela volto para o que já passou. parece um mural. um album velho de fotografias, que vem para me lembrar que eu não sei o que vai vir e o quanto isso me assusta. e o quanto o fato de isso me assustar não muda nada e não é imporante para ninguém. então por que estou falando tudo isso? a curto prazo, para eu voltar aqui e não me esquecer o tamanho do meu medo. a longo prazo para eu voltar aqui e não me esquecer o tamanho do meu medo. medo de crescer, medo de chorar. medo de viver, medo de voar.

19 outubro 2008

algumas coisas para se querer em tardes de sabado

eu queria o jeito que vc entorta a boca e que me olha. não queria as despedidas. eu queria que vc usasse seu all star preto e queria pular em cima de vc. eu não queria ter que escolher lugares e sabores de pizzas. eu queria ouvir essa musica até saber os acordes e queria te contar tudo que acontece de engraçado e queria te deixar sem graça. eu queria passar a madrugada acordada e queria sempre ter assunto, mas não queria sempre ter assunto pra poder sorrir do nosso silencio sem graça. eu queria que vc me acordasse e que vc me contasse tudo que vc acha demais para contar. queria levar vc pra comprar um carrinho de controle remoto e bata frita e um livro. daquels bons. que fazem vc sentar na livraria pra ler um capitulo todo. que fazem vc sentar e escrever um capitulo todo sobre uma pessoa que, entre duas coisa que eu quero que ela faça, faz uma coisa que eu não quero. eu quero o jeito que vc é masoquista e o jeito que vc tenta me pôr juízo mas foge dele comigo. eu quero a vista da sua janela e só dessa vez. eu não quero a sua preocupação atoa nem todos os seus pedidos de desculpa (só alguns). eu quero todas as vezes que vc fala que eu fico fofa e todas as vezes que vc me empurra quando eu não estou preparada e todas as vezes que a gente cai na risada e todas as pontes. depois de querer tudo isso, eu me espanto por querer tanto. por exigir tanto. por esperar tanto. mas depois de esperar tanto, será que não é minha vez de querer? eu queria que o céu pudesse ser azul, mas eu não ligo. sem vc, é só perda de tempo.

14 outubro 2008

menina-moça



Essas palavras são para ela e se alguém não quiser ler, tudo bem, basta saber que ela tem sido minha melhor amiga à 15 anos.

Foram 15 anos abusando de palavras, 3 ou 4 só aqui para ser mais especifica, e agora eu me arrependo de não ter guardado algumas palavras para hoje. Mas talvez tenha sido esse abuso de palavras, sentimentos, cumplicidade, desabafos, cócegas, brigas, crises de riso, abraços, discussões que terminaram em risadas, tentativas de te entender, te explicar, carinho e (difícil de se acreditar) amor, que fizeram dela minha melhor amiga. E hoje, 15 anos depois, eu consigo enxergar isso tudo enfileirado, como numa linha do tempo, me explicando porque eu não consigo viver sem ela. Me mostrando que cada foto mongol, brincadeira, caminhada até a escola, jogos de futebol/handbol/vôlei/queimada que me deixam orgulhosa na arquibancada, discussões pelo computador, favores pedidos, coisas emprestadas, passeios só nós duas, conversas, ‘batalhas’ com e contra, musicas e amigos divididos me fizeram feliz e me deram a certeza de que são só os primeiros 15 anos que ela está comigo. Por isso eu quero que sempre haja um álbum só seu, ou uma foto minha no mural ou até um vidro de perfume quase vazio, para não nos deixar esquecer nunca do que ela nos diz desde pequenas; “vocês não devem brigar, porque, se um dia, todos forem embora, vocês ainda terão uma à outra”, e você sempre vai me ter, mesmo que você não cumpra o nosso trato e continue crescendo.

Sleep in our eyes
her and me at the breakfast table
barely awake
I let precious time go by
then when she's gone
there's that odd melancholy feeling
and a a sense of guilt I can't deny
what happened to the wonderful adventures?
the places I had planned for us to go?
well some of that we did
but most we didn't
and why I just don't know

Slipping through my fingers all the time
I try to capture every minute
the feeling in it
slipping through my fingers all the time
do I really see what's in her mind?
each time I think I'm close to knowing
she keeps on growing
slipping through my fingers all the time

Sometimes I wish that I could freeze the picture
and save it from the funny tricks of time
slipping through my fingers

não se esqueça que a gente para nos 30 tá?
Te amo dentro da eternidade e a cada instante. Parabéns.

12 outubro 2008

do dia em diante

Quanto tempo faz afinal? uns 5 minutos? talvez dois dias.. 9 meses? 3 anos? algum tempo sem olhar pela janela. estranho sim para quem já sabia da fixação dele por janelas. mas ele mal ficava em casa. desde que ele se mudou para o apartamento novo, grande, pé direito alto, 3 quartos, uma suite, seu sofá de couro legitimo e sua tv de plasma, quase intocados. onde andava ele então? se perguntassem isso a ele, ele não saberia responder. não fazia a menor idéia de por onde esteve todo esse tempo, mas o narrador onisciente sempre sabe. ele acordava as 5h30, tomava banho, fazia a barba, descia para comprar pão, que comia com requeijão e café, e saia as 7h para o escritório, fazia um caminho sem muito trânsito para chegar ao escritório as 7h30. almoçava no restaurante por quilo duas quadras ao lado, ao meio dia e meio e matava o tempo até as 14h para voltar ao seu trabalho massante e sair as 21h. o que se podia fazer, ele era o chefe e não ia embora enquato não estivesse tudo no seu devido lugar; papéis, formulários, numeros de telefones, processos. e ele chegava em seu apartamento sem nem reparar nas coisas bonitas e caras que ele escolheu a dedo um tempo atrás para ser feliz. e estava tudo lá. a vista, as cores, as janelas. todas lá, só não acumulavam poeira porque ele paga uma diarista. chegamos agora ao ponto principal: a diarista. mulher de uns 43 anos, solteira e mãe de um menino de 22 anos. mora longe e trabalha de diarista em mais uma casa além dessa, já que essa nunca tem nada fora do lugar nem muito o que fazer. nesse dia, no entanto, ela, tão milimetricamente chata com a limpeza, tinha uma consulta no hospital publico que estava agendada a quase dois anos e não foi trabalhar na outra casa. saiu correndo apara pegar dois onibus para chegar a tempo e, por uma ironia, talvez do destino, talves não, esqueceu a janela da sala aberta. aberta, escancarada, gritando, olhando, chamando por ele quando ele chegou, 22h, em casa. foi a primeira e unica coisa que ele viu e que ele se lembrava: a cidade, vista do 11º andar, toda iluminada. colorida. acesa. postes, farois, carros, janelas de casas, de predios. a cidade como ele achava que nunca tinha visto, mas eu sei que já. desse dia em diante, ele parou de trabalhar nos finais de semana, e passou a chegar em casa as 8. desse dia em diante ele passou a olhar a noite pela janela do seu apartamento que ficou sempre aberta. desse dia em diante até alguém aparecer para fecha-lá de novo. mas não se preocupem; a diarista tem agora um plano de saúde e tem consultas mais frequentemente.

08 outubro 2008

qualquer coisa menos essa

tudo que eu mais queria aquela hora era chorar você para fora de mim. mas chorar com tanta força para não sobrar nem uma gotinha de você lá dentro. nenhuma. porque, por algum motivo idiota, acho que amor, eu pensei que, enquanto você estivesse ali, eu não iria conseguir estar em nenhum lugar que não dentro de mim mesma, procurando por você. procurando os resquicios de que, talvez, por algum outro motivo também idiota, eu não tivesse sido o motivo de tudo isso. talvez eu não tivesse sido a louca e a insuportavel de se conviver. e eu queria chorar essa e as outras dúvidas de dentro de mim, só para saber se todas essas lágrimas conseguiam lavar essa pessoa que eu não sou de cima da minha dor e do meu medo. lavar essa cara que não é minha. essa não sou eu. eu choro sim e eu sou fraca e eu realmente amo e tento e tento mais um pouco, se isso for capaz de me privar de uma coisa assim. assim como essa que está acontecendo agora. essa força para não pensar, essa falsa falta de interesse ao falarem seu nome, essa correria para guardar as fotos e os momentos dentro da caixa de all star no canto mais fundo do maleiro fingindo só para mim que ela não me incomoda. essa não sou eu. eu sou aquela que vai continuar sempre querendo que nada disso tivesse acontecido, rezando para você nunca ter mais ninguém, sonhando com o futuro que a gente tinha planejando e chorando todo acordar de sonhos como esse. ahh, essa sim parece mais comigo. a menina deitada no colo da irmã, chorando baixo e respirando alto.

tudo que eu mais quero agora é tudo que eu quis o dia todo. aliás, a semana toda: que você me ligasse, para eu chorar com mais vontade, que você sumisse para eu sofrer em paz, que você falasse que ainda me ama para eu não saber o que fazer com isso. acho que eu não quis nada com nada a semana toda e continuo não querendo nada com nada hoje, a não ser alguma coisa, qualquer coisa, me faça bem como você me fazia. que me tire dessa casca que não é minha como você fazia. que me faça ser feliz como você fazia. alguma coisa grande o bastante, pequena o bastante, nova o bastante, diferente o bastante, suficiente o bastante para substituir a dor que vai das minhas orelhas até a minha pintinha no dedão do pé. qualquer coisa. qualquer coisa que não seja amor denovo.

04 outubro 2008

Clareamento

Sabe aquela sensação de que digitar alguns muitos caracteres é tão facil que faço isso de olhos fechados? A sensação de que sempre terei o que escrever e sentimentos para expor e sonhos para querer? lagrimas para chorar e pessoas para amar. dentes para sorrir. guarda-chuva para as tempestades ou a certeza de que não vai chover hoje. ou pelo menos enquanto eu estiver lá fora. Sabe do que estou falando? não? nem eu.

depois de alguns meses eu volto aqui, onde tudo costumava ser mais claro, as idéias, o chão, os sentimentos, e todas as coisas das quais eu tinha tanta certeza, ou não tinha, mas achava normal e até aceitável viver com, não estão mais na tela branca. não estão mais nos arquivos. não estão mais impregnadas nas paredes nem nos meus dedos. e eu mal lembro. parecem uma foto de um tempo distante em que objetivos e planos e guarda-chuvas eu tinha de monte. montes e montes de guarda-chuvas, escorrendo enquanto eu voltava correndo da escola para não me molhar ou molhar meus sonhos escritos no papel. nem papel mais eu tenho aqui.

no lugar, eu acho alfinetes, tesoura, tinta acrilica, A3, régua paralela, papel craft e tantas duvidas quanto o numero de alfinetes, tesouras, tintas acrilica, A3, réguas paralelas, papéis craft. uma para cada palavra, uma para cada pensamento, uma para cado sonho. uma para cada outra. e uma para cada dente. que dói todas as manhãs, tardes, começos de noites, horas, minutos, mastigações, escovadas, para me lembrar que tudo dói. e tudo dói mesmo, e demora, e se perde. até sonhos, planos e, principalmente, sorrisos.

03 outubro 2008

Essência afinal

Antes de mais nada: eu não tomei leite com toddy hoje, me desculpem.

Depois desse desabafo, vou falar o que vim fazer aqui. Vim à procura da essência. É, essa tal essência humana que eu digo, orgulhosamente, que sei o que é, que sei falar sobre, que sei escrever, e que, agora que parei pra pensar, não sei nem onde eu a encontro.

Quem sabe para começar, eu precisasse de essência de escritor, essência jornalística para começar apresentando dados e fazendo intertextualidades sobre o ser humano e esse mundo que ele vive. Mas eu não tenho essa.

Talvez essas não fossem tão necessárias se eu tivesse essência de poeta. Se eu fizesse rimas, versos, sonetos, e as moças apaixonadas escreverem os poemas em seus orkuts e fotologs (o que você esperava? estamos no séc XXI!). Se eu enxergasse toda aquela beleza que os poetas exergam nas estrelas, nas pessoas, na própria língua portuguesa, mas essas, as vezes, passam batidas por mim, como se não existissem, se descepcionando também com a minha falta de essência poética.

Até ai, não me sinto para baixo: não sou a única que não sabe rimar nesse mundo. Mas me faltam tantas outras essências, que ai sim me sinto quase inodora. Eu tenho a vontade de mudar o mundo (ou pelo menos o cabelo) mas não tenho a coragem necessária. Eu tenho a vontade de manter essa e aquela amizade, mas não tenho tempo para cultivá-las. Eu tenho tênis, mas não tenho ânimo para fazer uma caminhada. Eu tenho os livros nas minhas mãos, mas não tenho vontade de estudá-los.

Eu tenho tudo que preciso para ser alguém, mas não tenho a capacidade de dar um passo de cada vez. Eu quero tudo hoje, agora. A comida dos pobres, a sentença dos culpados, a justiça do povo, o sonho das crianças, tudo. E isso, é essência de que? Essência de menina mimada? Essência de falta de bom senso? Essência de super-heroína? Pode ser. De fato, deve ser sim, mas eu ainda prefiro pensar que é essência de sonhadora.


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> texto postado anteriormente no Leite com Toddy, mas que eu quis deixar registrado aqui tb :)
> criei coragem e cortei o cabelo. hoje em dia ele está no ombro :)