Modelo físico cujos blocos fundamentais são objetos extensos unidimensionais. O interesse na teoria das cordas é dirigido pela grande esperança de que ela possa vir a ser uma teoria de tudo.
26 outubro 2007
Janelas mínimas
Olhar pela janela já não é tão bonito assim. Nunca foi bonito, mas eu olhava. Minhas janelas nem sempre tiveram grades, mas na primeira ameaça externa, meu pai correu colocá-las. E não, eu não tive tantas janelas. Tive apenas duas e uma varanda. Pela primeira eu enxergava um muro. Um muro velho, desgastado, descascando. Via o chão perto de mim e sonhava com o dia em que eu veria o céu perto de mim, por detrás das grades cinza chumbo. Quando tive a chance de escolher, escolhi o quarto com varanda. Quem não gostaria de ter uma varanda no próprio quarto? Pra fugir até do lugar de fuga, quando tudo parecesse perdido, e ficar olhando para o nada. Finalmente um pouquinho mais perto do céu, eu pensei. Mas ninguém me avisou que a minha varanda não era só minha, que a visão dela não era o céu e que, além de uma varanda, era também uma gaiola. Minha terceira janela é legal. No sexto andar, abre de um lado, do outro, tem uma rede para me impedir de voar, tem recadinhos pendurados e um prédio verde bem na frente dela, com uma janela para um quarto salmão (salmão?!) com uma cortina azul marinho e um espelho, e uma menina que nunca olhou pela janela dela. E eu invejo quem tem janela. Não quem tem buracos quadrados com redes ou quem tem gaiolas de ferro, quem tem janela. E eu sinto uma vontade tão grande de ter uma janela tão grande que todas as janelas encolhem e se tornam mínimas. As janelas da mente, as janelas das horas, as janelas dos dentes, as janelas lá fora.
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4 comentários:
mto bom.
só não consegui identificar as metáforas (se houve).
e gostei principalmente do final, como você já devia imaginar =p
ah não Aline, pára de ser minha gêmea, poxa. ahieuhaiueha
eu tenho fixação por janelas, e pensei essa semana em escrever sobre elas. ;) mas bem, nesse eu levo vantagem, já tive uma porção delas.
gostei muito, como sempre. ;*
eu te daria uma janela bem grande de madeira pintada de vermelho. aquele vermelho bem bonito pra contrastar com o céu azul-e-branco. mas não me agrada que você vá ver as mesmíssimas coisas em tons diferentes todos os dias. não quero que seus dias tristes tenham um céu azul quando você precisa de tudo nublado. ou que seus dias felizes sejam banhados por chuvas. ou nem uma coisa nem outra. talvez você precise da alegria do azul quando estiver triste, e da melancolia do cinza quando estiver eufórica. você precisa da sua própria janela. não a de alvenaria nem a de carpintaria. mas da de impulsos elétricos e bombeamento de sangue.
eu adorava janelas quando era pequeno. *-*
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