Modelo físico cujos blocos fundamentais são objetos extensos unidimensionais. O interesse na teoria das cordas é dirigido pela grande esperança de que ela possa vir a ser uma teoria de tudo.

26 agosto 2007

O vestido

Para falar a verdade, ninguém percebeu que ela estava fugindo. Ela andou por todo aquele verde sem olhar para frente, sem achar ninguém. Sem ninguém acha-lá. E ela sabia o que ia fazer; ia mesmo fugir e sentar lá e esquecer o quanto tinha gritado e chorado por causa disso, mas as pessoas que passavam por ela achavam que ela ia só tomar mais um sorvete. E é lógico que ela avisou onde ia. De que iria adiantar falar? De novo, você não iria escutar, mas a culpa não era sua. Então ela teve que escrever. E ela foi mesmo. E sentou lá e esperou a pessoa que iria tira-lá daquela sombra opaca de árvore e daquele transe de pessoa bêbada de remédios, mas ninguém veio. E ela pediu por amigos e eles não vieram. Ficou só o peso da falta de confiança. O que tinha acontecido ali? Que tipo de furacão tinha levado a porcaria do sentimendo de 'eu sempre estarei aqui pra você' desse dia? Ela precisava de uma soda. E ai você veio. E veio mesmo, inteira. Pôs a mão no ombro dela e a assustou. O que você estava fazendo ali, cara? Por que você foi? O bilhete não era um convite, era um aviso. Mas mais uma vez, com toda percepção que você sempre vai ter, você precisava fugir junto com ela. E ela amou mais uma vez com aquela força que até dói. Você sentou do lado dela enquanto ela estava de cara feia, e chorou com ela enquanto ela estava brava. E fez desfazer todos os nós nas gargantas, todos os coágulos da cabeça, todas as poeiras do pulmão. E foi ai que ela respirou. Como se você andasse por ai carregando uma árvorezinha com um florzinha vermelha que faz todo o resto parecer preto e branco. Você devia comprar um vestido. Bem bonito e comprido e rodado, ela pensou. E devia ser feliz; mais feliz do que qualquer um nessa Terra já foi. E ai ela ficou com mais raiva ainda! Era ela quem te fazia assim? Como é que ela não conseguia comprar um vestido para você e ainda falar tudo o que falou? E você apareceu com aquela havaianas preta nova e óculos quadrado e falou de você e finalmente a fez fugir para onde ela estava tentando. Para o seu mundo. Para você. Não precisava dizer mais nada, ela sempre soube. Soube que poderia deitar no seu colo e que poderia pedir o que fosse que você faria, faz, vai fazer sempre. Ela tentou se desculpar. Sem pensar, ela quis achar que podia ser para você o que você era para ela. Não é uma coisa possível. Ela sempre será mais para você do que você é para ela, e apesar de ela não saber porquê, ela entendeu naquela hora. Se tem alguém que ela queria que vivesse para sempre.. E se tem alguém no mundo que merece aquela arvorezinha com aquela florzinha ou qualquer perdão ou todas as alegrias, bom, ela já sabia quem era. E ela levantou e descobriu uma coisa: ela iria comprar um vestido para você. Ela queria te ver usando o vestido.

22 agosto 2007

Só ái.

Me descubro cada vez mais, a noite, porque sempre tem alguma idéia pra puxar as minha cobertas. E passo cada vez mais frio. Porque é frio longe de você. Só que não posso mais te falar isso: não faz mas sentido. Parece que agora nada mais faz. Eu te deixo com cansaço e te encontro com o sorriso, que me faz tão inteira. Já você, me deixa com ressentimento e me modela quando me encontra de novo. Já percebeu? Ao teu lado, sou moldada a partir de ti. E eu sinto um daqueles segundos de eternidade que tanto assustam o meu coração, acostumado com a fugacidade segura dos sentimentos superficiais, quando a gente ri. E sempre tem pessoas passando e olhando e sentindo, do mesmo jeito que eu passo e olho e sinto que te quero perto de mim, quando vejo alguém com uma sombra de sorriso dançando em volta da boca. E dá vontade de pedir pra Deus, pro Papa, pra sua mãe, pra minha... pra você. Será que você deixa você ficar comigo pra sempre? Será que eu posso te ligar? E ai eu me lembro que sempre é tão vago. Que se eu ligar, tem que ser por alguma coisa importante. Tem coisa mais importante do que te dizer que quero você do meu lado pra sempre? Tem. Talvez se eu já não tivesse dito antes, se eu não tivesse sonhado antes. Talvez se você também quisesse, mas como é que vou saber? É nessa hora que o aleatório do itunes toca uma daquelas músicas você me deu, quase como se fosse mesmo pra mim,e meu coraçãozinho idiota aperta, lembrando que você gostaria de se ler nos meus textos, e eu penso se você iria gostar de ler este aqui. Se este aqui vai ter um final feliz também. Aquela hora, eu só queria que você me dissesse que me quer; com todas as minhas vírgulas. E eu diria que te quero; como meu ponto final.

20 agosto 2007

Jardim de Academus

Palavras carcomidas graças às traças.
Minhas caras baratas estão fartas de metáforas.

Carlos Fernando Filgueiras de Magalhães

19 agosto 2007

Não me mande flores

Não mande. Não quero mais ver o mundo como vejo aquele livro. Não acho também que estou merecendo flores, nem cores, mas pelo visto não sou só eu. O problema é que você devia achar, até eu dizer que não, não me contar que eu não mereço. Não quero mais flores, presentes, cartões, palavras bonitas e abraços falsos. Quero a dor de perceber que não é a minha cabeça, que eu não sei inventar mais nada e que nada vai tocar de volta. É caminho de uma mão só e eu não vejo flores por ele. Você vê? Então pra que fingir? Não me diga que está bem, que está feliz. Não quero mais estas flores para colocar atrás da minha orelha. Para carrega-las e me lembrar que elas são suas. A minha vida está perdendo as flores. O foco agora são sementes plantadas à força nos meus pensamentos confusos. Em tempo, não tem mais vasos. Não me mande flores. Enfeitadas, brancas, enlaçadas, irritantemente perfeitas e parciais. Não, me mande logo seus espinhos. Abra furos em meus dedos, riscos em meus rostos, cortes. São melhores do que suas flores despetaladas, despedaçadas, arrancadas de ti para me dar. Flores secas e murchas guardadas dentro de livros e palavras, só para tentarem ser um pouco menos insolentes. Prefiro os espinhos de mundo e de realidade, agora que nem flores são mais tão bonitas, vindas de você. Não me mande flores.

17 agosto 2007

Como?

Como você tá? Da primeira vez eu tô bem. Eu sempre tô bem.

Como você tá? Sei lá. Tô meio sei lá. Sabe assim, meio vazia, meio cheia demais, meio no meio de mim. Sei lá como? Sei lá. Só sei lá. Sei que to aqui mas sei, tô lá. To meio assim sem saber o que pensar. Será que eu acendo a luz? E o fototropismo negativo? E se... é. Não vou acender. E se eu olhar pela janela? To me sentindo meio janta, sabe? Meio passageira. Como eu tô? To meio cozida, meio cozinhada, meio em banho-maria, se eu alguma vez entendi o que isso quis dizer. Tô com a mão meio fria e com a cabeça meio quente. To me sentindo a pessoa mais feia do mundo com esse cabelo limpo e essa unha feita. To meio sem vontades hoje. To com vontade só de ligar, de funcionar um pouquinho. Eu to meio com vontades então. Meio sem, meio com. Tô meio canto de sala. De quarto. De carro. Como é que é pra estar? Meio tráfico? Meio ponto? Ponto inteiro? (ou meio vígula)

Como você tá? Tô... não sei. Tô querendo longe. Tô longe. Ah, não é onde eu tô? Desculpa. Eu tô bem... bem errada. Bem papel de envelope. Bem? Eu? Tô legal. Pros outros. Você? Tá legal. Pros outros. Eu tô esperando fotos e balas de melancia. Tô precizando mudar de carteira. To precisando de menos sexo e mais poesia. Tô meio interjeição. Onomatopéia. Saudade. Será que eu tô meio problema hoje? Meio regra? Meio torta de morango com creme? Tô querendo uns balões de pensamento. Uns dias de vento. Tô precisando de dicionário, porque tem botão que eu não sei ler. E você? Você deve saber ler todos os botões. Todas as peças. Todas elas. Se não soubesse, iria perguntar pro dicionário? Te contar? É, vou acabar. Vai? Não vírgula, vou acabar contanto! Vou, porque eu sempre conto. Cantei hoje. Chorei hoje. Não durmi hoje. Viu só? Eu sempre conto. Eu tô sei lá. Eu disse que tô, então acredita.

Se eu vou ficar bem.. fica bem?! Não. Por que? Porquê, eu sempre digo que vou. Hoje não vou não. Porquê, eu não quero. Hoje eu tô meio sem querer. Não vou ficar bem, porque eu precisava de papel. Não me diz mais pra ficar bem.

Como você tá? Tô achando que não ficou bom.

15 agosto 2007

Manual de não-instrução

Minha vida tem um buraco que não sei de que é feito. Era para tudo ser muito fácil, mas eu encasquetei de fazer tudo do jeito mais difícil. Meu problema sou só eu. Não me odeie por eu ser assim. Eu tenho a culpa de todas as culpas e, as que não tenho, tomo para mim. Eu tenho crises de segunda a noite porque me dá um vazio de não me achar. Eu tenho crises de quarta porque me achei e não gostei. Tem quem me ache sublime por tão alegre e tão melancólica assim. Eu me acho insuportável. Ok, e ao mesmo tempo a pessoa mais legal do mundo.
Eu não gosto que me escolham caminhos e fico puta porque há um tempo tenho deixado a vida escolher. Eu tenho tudo e às vezes me sinto completamente sem nada só porque a chuva cai e o sol não brilha. E se brilha, tem o maldito tom de amarelo a que eu chamo de pureza. Que eu já não sei se sei distinguir.
Eu tenho medo de crescer e ao mesmo tempo cresci rápido demais. Eu me afobo e paro. Mas quando paro, fico afobada, porque acho que o tempo passou e eu não fui junto.
Porque você gosta de mim? Você me perguntou e se perguntou isso em um recado de voz. Eu não sei responder. Você gosta de mim por tudo o que eu sou e por tudo o que eu não sou. E eu sofro, porque não sei ser não sendo. Não ser é ser sem escolher. E eu gosto de escolher, lembra?
De verdade? Não sei porque te falo tudo isso. Acho que quero te convencer de uma vez que eu sou louca para poder agir feito uma sem o medo de de repente você descobrir que eu sou louca e de repente não gostar mais de mim. Ou quero te convencer que não existe porque gostar de mim. Só porque sou louca.
Você me pediu para escrever um poema para você. Mas para escrever poema, tem um lado meu que precisa de férias dos dedos ávidos por palavras que façam sentido sem beleza. Porque, afinal, as vezes eu acredito em beleza, as vezes não.
Sabe porque eu não me encontro? Porque por definição eu sou contraditória e quem é contraditória não pode se definir. Se não me defino, não sei quem sou, não me encontro. Mas se deixo de ser contraditória, deixo de ser eu e, logo, também não me encontro.
Me explica, porque você encanou de me encontrar?


Myla Verzola

13 agosto 2007

Precisão

Faz um tempo que eu to precisando de musica pra escrever, de óculos pra enxergar, de coragem pra fazer. Faz um tempo que eu to precisando de tempo pra estudar, de vó pra abraçar, de amiga pra conversar. Faz um tempo que eu to precisando de cabeça pra mudar, de muletas pra andar, de travesseiro pra chorar. Faz um tempinho eu precisava ir no médico, no planetário, no cemitério. Já faz algum tempo de quando eu precisava de tempo pra respirar, de coluna pra encostar, de mãos pra me empurrar. Eu to precisando de mochila pra carregar, de remédio pra passar, de agulha pra doer, de feijão pra crescer, de cócegas pra sorrir, de conversas pra fugir. Faz tempo já que eu ando precisada de um motivo pra falar, de uma bicicleta pra andar, de um chá mate gelado pra tomar, de um mar pra olhar, de um desejo pra querer, de brigadeiro pra comer. Não to precisando mais de rock pra ouvir nem de motivos pra mentir nem de frio pra sentir. To precisando de vento pra voar, de você pra me abraçar, de verdade pra viver.

10 agosto 2007

ah


Faz um tempo eu quis fazer uma canção pra você viver mais. E eu quis mesmo. Uma canção que te faça ser quem você é desde que te lembro, que não deixe ninguém esquecer o quanto você existe e gosta de vestidinhos com calça e um chinelo pra cada dia da semana, apesar de sentir frio no pé. Uma nota que mostrasse o céu laranja que você constumava enchergar e que era tão bonito, que mostrasse tudo que você é para todas as pessoas que você queria que fossem quem você era. Uma música que te tirasse daí e te trouxesse mais pra perto da irrealidade quente e doce dos sonhos bons debaixo do edredom colorido com triangulinhos. Uma canção pra você viver mais o que você sabe que quer viver e que não pode por causa de todas as cordas dessas teorias de pessoas incoerentes e sociedades impressionantes que você tanto critica e tanto ama fazer parte. Quem sabe uma pauta que te fizesse criar coragem, dizer bobagem, ver essa tal miragen da forma mais real que sua retina conseguisse projetar para seu cérebro inchado. Notas que te fizessem viajar para fora da sua cabeça e para dentro do seu pulmão, só pra você sentir de novo o oxigênio dentro de você, só pra você sentir de novo você dentro de você. Você anda tão lá fora. Anda tanto lá pra fora. Faz um tempo eu quis que você soubesse o caminho de volta, que você não se perdesse de novo, não de novo, mas eu precisaria de uma canção. De que adianta se o seu mp3 tá partido em cima do seu criado-mudo? Queria a canção pra concertar ele pra você. Pra concertar você pra ele. Faz um tempo eu quis fazer um texto pra fazer você viver. Não precisa ser mais, só viver. Viver e sentir que está sendo usada pela vida, não lutando com ela, contra ela. Sentir que pode poder. Que ninguém vai te condenar por isso. E eu quis tanto que deu no não-querer coisas queridas por alguém. E alguém já deve ter querido que você vivesse mais, mas já nao quer mais nada. Então eu ainda quero. Não faz tempo nenhum. Viva mais um pouco?

08 agosto 2007

pessoa edificada

É sempre mais fácil escrever sobre aquilo que a gente sente, sem estrutura, sem objetivo. Só falar de sentimentos, de coisas abstratas. Mas aqui está uma coisa bem concreta: eu. Eu queria tanto ser substantivo abstrato. Mas eu sou pronome pessoal. Eu sou empurrada na frente de mim mesma, me atropelo e me machuco, de tanto que existo. Existo tanto que persisto no egoísmo de mim, no conservar a compaixão e a pena de ser de água, cimento, areia e coração. Ser esparramada e batida, para depois ser pisada, para ser construída feito prédio de pé direito errado e condomínio alto. Eu sou só uma pessoa sozinha, tentando ser um sujeito qualquer sem querer de verdade. Mas meu querer não importa, porque ele é abstrato. Ele é vago. E eu sou extremamente definida, completamente solidificada. Inexistentemente espessa. Realmente densa. Vapor de gente. Gente de verdade. Verdade de concreto. Concreto de alma.

07 agosto 2007

Fila de espera

Logo tudo vai passar - ele disse. Você vai para lá e tudo vai ficar bem. Com meu cérebro expelindo tudo atravéz das lágrimas, eu olhei para ele e perguntei: Para lá onde?

03 agosto 2007

Goiânia, 3 de agosto de 2007

Oi! Que saudade de você também. Minha vida anda meio corrida, mas acho que não é só a minha. Mas no geral tá tudo bem. Aqui tá calor, mas também, não dava pra esperar outra coisa, e tá aquele céu bonito, daqueles que faz você pensar que não vale a pena ficar em casa. Vira e mexe, me dá uma saudade daqueles dias em que você aparecia de surpresa e as tardes regadas à coca-cola rendiam desabafos, fofocas e risadas, principalmente risadas, mas, infelizmente, são dias que não voltam mais. É engraçado como a gente pensa que amizade eterna vai durar um 'pra sempre' mais curto, e depois a gente percebe que amizade eterna não dura nenhum tipo de 'pra sempre', dura só aqueles momentos em que a gente tá junto. E depois, cada um vai pra um lado e a vida continua com ou sem amizades eternas, com ou sem correrias diárias, com ou sem boas lembranças. É engraçado, mas, pior que isso, é triste. É triste perceber o quanto a gente cresceu e todos os pequenos detalhes ficaram mais para trás, se isso é possível. Agora, quando a gente se encontra, só dá tempo de reclamar da vida e fazer planos no futuro do presente, antes de voltar pras respectivas rotinas de gente grande que a gente tem agora. Tudo costumava ser muito mais fácil lembra? Ou se tinha lugar pra lavar as mãos, ou comia com as mãos sujas, criança não liga pra isso! Mas agora é escola, vestibular, pais, dinheiro, namorados, problemas, e as risadas ficam cada vez mais raras, assim como as cartinhas que a gente trocava, duas por semana. Pouco a pouco, minhas novidades já não te interessam mais e as suas não são mais tão emocionantes quanto costumavam ser, até porque eu não sei sobre quem são. São novidades de pessoas que eu não cheguei a conhecer, em um mundo que eu não cheguei a viver. Mundo o qual você está vivendo agora, e que de alguma forma parece tão, mas tão longe de mim, que me dá essa saudade estranha que me faz te responder agora, depois de tanto tempo. Eu sei que você pensou que eu tinha esquecido. Eu também pensei, e de fato, seria até melhor se tivesse, porque você também não deve se lembrar mais. Mas a verdade é que essas coisas nunca vão embora. Não é a amizade eterna que fica guardada, as lembranças dos momentos bons é que são eternas e que me fazem sentir mais saudade ainda de uma coisa que não volta mais: você. Nós. Lembra que vez ou outra, depois de passar o ano todo esperando as férias, depois de passar a semana toda se preparando, a gente ia no bosque e voltavamos com a sensação de que não tinha ninguém no mundo mais feliz que a gente naquele momento? E depois que eu aprendi a andar de ônibus e a gente se aproximou muito mais, não voltamos lá, nem uma vez ser quer. As vezes fico com a impressão de que deixei minha felicidade lá. Quem sabe você, que tá mais perto, não podia ir até lá pra dar uma olhada pra mim? Eu sei que eu sempre falei que não respondia as raras cartas porque não sabia escrever cartas, mas a verdade é que eu tinha medo de que ela realmente mostrasse do que nunca eu superei. Só que, mais dia, menos dia, eu ia ter que falar que a sua amizade realmente faz falta até hoje. Mais dia, menos dia eu ia ter que falar que essa mútua falta de interesse me incomoda, e mais dia, menos dia eu vou acabar voltando só pra tentar mais uma vez. Só pra recriar mais alguns momentos, já que é disso que amizades eternas são feitas. Enquanto isso, vou escrevendo cartas que nem essa. Sem conseguir pensar em você lendo essa carta tão séria, eu termino. Manda um beijo pra todo mundo ai e não esquece de me responder, pode ser o dia que for (logo, ou daqui muito tempo). Te amo muito em todos os momentos.

02 agosto 2007

chocolate

como é que se sabe se tem algo errado? pra você, que gosto tem a dor?

01 agosto 2007

texto nenhum

Tem horas que me dá vontade de escrever aqueles textos coerentes que eu já vi tantas vezes por ai. Aqueles textos realmente dignos de qualquer publicação, os quais as pessoas leriam e iriam comentar coisas do tipo: 'você escreve muito bem' e reticências, textos que fizessem sentido na cabeça dos outros também, não só na minha, porque a minha cabeça não é nada comparada com as milhões de cabeças que existem por ai e que possam, um dia, vir a julgar meus textos sem cabeças. Dá vontade de escrever textos bíblicos, gigantescos, os quais só leriam os que realmente gostassem, os que realmente soubessem, os que não se perdessem ao longo do caminho, pensando em alguma ocorrência diária que o tal texto grande pudesse vir a mensionar. Tem horas que eu só quero ter os pensamentos organizados, as idéias nos lugares certos, todas em fila indiana, falando uma de cada vez e pedindo permissão sabe Deus pra quem, para se pronunciarem vagarozamente. Mas antes que algum pensamento racional as contenham, elas se atropelam, correm para todos os cantos, pulam pela janela, sobem pelas paredes, e gritam tão alto, que quando elas morrem no papel, minha desproporção é cuspida e escarrada, minha loucura fica estampada em todas as dobras, minha falta de mundo real é tão óbvia que, todas as horas que me dá vontade de escrever aqueles textos coerentes que eu já vi tantas vezes por ai, eu não escrevo texto nenhum.