Modelo físico cujos blocos fundamentais são objetos extensos unidimensionais. O interesse na teoria das cordas é dirigido pela grande esperança de que ela possa vir a ser uma teoria de tudo.

12 setembro 2007

Conto de fez de conta

Faz de conta que seu eu olhar pela janela agora, eu vou enxergar todas as estrelas que eu vejo quando eu fecho os olhos. Finge que se eu abrir o armário agora, ele vai estar arrumado e aquela foto vai estar inteira. faz de conta que tudo que eu ouço todo dia não entra por um ouvido e sai pelo outro. Que uma dia eu vou abrir a porta e você vai estar aqui, dormindo. Finge. Só um pouquinho. Só por um momento, pense que amanhã é feriado, que depois de amanha é carnaval, que depois de depois de amanhã é dia de chuva. Finge comigo que nada mudou: que a gente ainda entra em playground, que a gente ainda tem tempo livre. Faz de conta que eu não ligo, que o mundo não tá morrendo, que a mpb não é tão popular assim. Lets pretend that we can play mary-go-round. Que eu vo na mudança dentro da caixa, que você se atreveu a me dizer o que você queria. Posso fingir só um pouquinho que o vento está batendo no meu rosto? Porque, afinal, ele está, só não sinto porque não sei em qual deles. Vamos fazer de conta que eu encarnei no lugar certo, que meu pé cabe naquele sapato 37, que um balde de água vai resolver meus problemas respiratórios. Tá certo, pode fazer de conta que não sabe de nada, que caju é doce, que na próxima melhora, que eu vou fingir que não tem mistério nenhum, que eu li o jornal, que eu estava dormindo a hora que você chegou. Faça de conta que você falou sobriamente e eu faço de conta que eu gostei do café. Deixa todo o mundo fingir solidariedade, e pense só no seu umbigo. Eu tô pensando só no meu, não é? Faz de conta que o céu tá azul e que o mar tá gelado. Eu faço de conta. Faço de conta porque não sei fazer de cabeça. Não sei pôr na cabeça que o tempo é relativo, e só. Mas sei pensar que se é verdade essa relatividade, eu posso passear por ele. Ninguém mais quer pensar assim? Faz de conta que vai fechar os olhos e acordar à quilômetros da sua mente. Finge que não tem com que se preocupar, que a vida tá te vivendo, não te batendo, atropelando. Finge vai? Diz que normalidade e felicidade existem juntas, que beijo de mãe cura câncer, que tudo que se escreve é verdade, que banho lava a alma. Faz de conta que meu sapato é de vidro, que meu tapete voa, meus lobos não existem. Faz de conta que é verdade.

3 comentários:

Hugo Moura disse...

Faz de conta que você escreveu um puta dum texto. hahaha!

Brincadeiras à parte, o texto tá ótimo. É tão bom viajar, estar de bem com a vida (mesmo que ela esteja fodida), sem se preocupar com nada.

Acho que é por isso que eu bebo além da conta, de vez em quando. Pra esquecer de tudo e imaginar a vida como uma viagem onde tudo vem fácil, onde tudo é bom e gostoso e prazeroso. haha!


Bom texto!
beijos Aline. volte mais vezes no nosso blog!


http://www.nossomundoimundo.blogspot.com/

Unknown disse...

Outro texto bacana.
Pelo andar da carroagem vou visitar sempre este espaço.

Até breve!

Unknown disse...

Oi Aline.
Pelo Blônicas. Vi que você comentou num texto da Tati e achei bacana o endereço do seu blog.
Dai vim aqui e gostei do que li.

Obrigado pela visita e apareça sempre que tiver vontade.

Beijo