Modelo físico cujos blocos fundamentais são objetos extensos unidimensionais. O interesse na teoria das cordas é dirigido pela grande esperança de que ela possa vir a ser uma teoria de tudo.

30 setembro 2007

O conto dos próprios passos

Ela chegou no tal do banco. Sentou e olhou para os dois lados da estrada: Por onde veio e por onde deveria seguir, e ficou parada. Poderia ela ficar parada no meio da estrada, olhando a bifurcação de idéias que aqueles dois caminhos eram capazes de causar? Ela não queria a resposta e ficou ali, olhando. Sozinha, é claro. Desumana. Um senhor parou do seu lado, como quem examina um bicho no zoológico e riu aquela risada entendida da vida:
"Para onde você quer ir? Conheço toda a região. É de conhecer tão bem, que lhe digo, vem por aqui!"
E lhe estendeu a mão enrugada. Ela olhou-o com olhos lassos, cheio de ironias e cansaços, e cruzou os braços, acenou com a cabeça. O senhor, intrigado e ofendido, seguiu o seu caminho, e ela ficou ali: teimosa. Mas não iria por ali. Pela estrada desertamente cheia, veio uma moça e lhe deu a mão.
"Está perdida? Vem por aqui, te mostro por onde ir!"
Sorrindo e mostrando seus dentes milimetricamente perfeitos e suas mãos macias de amiga. Ela nem se mexeu. Soltou a mão da moça e disse para continuar seu caminho, que ela acharia o dela sozinha, obrigada. A moça se foi chorando. E chorava a grosseria dela, mas esta era sua glória: não acompanhar ninguém. Embaixo das estrelas do meio-dia, ela continuava a olhar aquela estrada, completamente perdida, mas completamente mais descoberta que qualquer um que soubesse para onde ir. E lá ela ficou. Passaram pessoas, não-pessoas, bichos, luzes, e quando quase todos desisitiram de indicar o caminho, o vento lhe perguntou:
"Há dias estás ai! Por que não retomas o caminho?"
"Não quero ir por ai"
"Que queres então? Queres que eu te leve? És louca de ficar ai parada!"
"Quero que todos se vão. Vai você também! Para lá tem estradas, jardins, canteiros. Tem regras, e tratados, e filósofos, e sábios. Já eu, tenho minha loucura, e eu a carrego como um farol, a brilhar na noite escura."
"Dizes que não queres ninguém a te guiar?"
"Ninguém? Ah, não. Tenho o Deus, o Diabo a me guiar, e, por que não, tenho também uma ilusão."
"És louca mesmo? Pois então venha por aqui, acharemos tua lucidez."
"Não me tenha compaixão, não me peça exposição: Não me diga 'vem por aqui'."
"Mas mal tu sabes onde vais! Eu me vou por ali. Vou para lá. Tens certeza de que não queres ir?"
"Não sei por onde vou, Não sei para onde vou, - Sei que não vou por aí."
Subestimado, o vento foi. Orgulhosa, lá ela ficou: no vendaval que se soltou; na onda que se alevantou; no átomo a mais que se animou.

Conto intertextualizado e baseado em José Régio.

6 comentários:

Unknown disse...

Gostei!


*de novo :)

Anônimo disse...

Liiine,incriveeeel. *.*
putz...amei ou,sem palavras mesmo,ficou perfeito, e a cada dia sou mais sua fã.
linda,linda.
tá de parabéns :)
(L)

Anônimo disse...

eu tava comentando aki e do nada tudo desapareceu.. mas sabe eu comento dnovo pq vale a pena.
sem duvidas esse foi o melhor texto(ou conto, sei la) seu que já li. ainda bem que Deus lhe deu o dom de encontra as palvras certas pro momento certo.. queria poder tê-las tb. mas msmo assim AINDA bem que voce tem.

como voce msmo disse:
'Quero que todos se vão. Vai você também! Para lá tem estradas, jardins, canteiros. Tem regras, e tratados, e filósofos, e sábios. Já eu, tenho minha loucura, e eu a carrego como um farol, a brilhar na noite escura.'
meeeeeeeeeeeu que que isso, vce fala as coisas que as pessoas sentem msmo sak.. por estarem tao vazias e sem rumo acabam tendo consigo somente a loucura de buscar seu caminho assim como eu.

beeeeeeeeem sinceramente adorei tuudo! te amo gata!

Anônimo disse...

"Não sei por onde vou, Não sei para onde vou, - Sei que não vou por aí."

eu gosto de você x)

Arthur disse...

Aline!!!
Quero falar com você. Na verdade, pedir um favor.

Anônimo disse...

Niguem melhor que você pra falar de caminhos, não?

minha menina luz.
te amo.