Modelo físico cujos blocos fundamentais são objetos extensos unidimensionais. O interesse na teoria das cordas é dirigido pela grande esperança de que ela possa vir a ser uma teoria de tudo.

31 dezembro 2007

há muito mais

Perdoem-me, minhas colegas, mas foi por uma causa nobre. E eu digo com gosto: valeu a pena!

Esse negócio de vestibular, que nos faz passar o ensino médio pensando apenas nele, toma três ou mais anos da nossa vida e nem percebemos. Claro que muitos conseguem viver em harmonia com a pressão do vestibular e a vida social, amigos, festas etc, mas não podemos negar que vivemos em função dele, preparando-nos para aquele fatídico dia.

Não vou negar que estou muito feliz, pois consegui passar por essa etapa de primeira. Mas e o que vem depois? Acho que todas as minha sbatalhas de agora em diante serão muito maiores. O vestibular vai fica rpequeno perto delas. Uma dessas batalhas é tentar manter um espírito que eu encorporei no próprio ensino médio.

É algo que o João Paulo ( Blog do João / Leite com Toddy ) disse muito para mim neste finalzinho de ano. Que as despedidas não devem ser só pensando no agora e no passado. Tem que ser pensando no futuro. Foi no ensino médio que adquiri uma consciência bacana, sem preconceitos, que quer ajudar, que não liga pro que pensam. Não quero perder isso. Quero continuar tendo um grupo de teatro. Quero continuar fazendo visitas à creches e outras instituições. Vou fazer como uma prima minha e passarei a doar sangue sempre que puder.

O mundo precisa de nós e não podemos nos esconder nas nossas vitórias. Temos de fazer delas um incentivo para continuar batalhando e contribuindo para que as coisas nesse país e, quem sabe, neste mundo tornam-se melhores.

No mais um feliz ano novo para todas. Lutem pelo que vocês desejam, sem medo do que pensarão de você.

29 dezembro 2007

só um pensamento que me ocorreu

o que acontece com a vida afinal? num dia se está brincando de ursinho e no outro se tem as unhas pintadas de dara com calda de chocolate! e, quando eu peguei o ursinho azul e só enxerguei nele as minhas unhas cor de café, doeu perceber que eu cresci. cresci mas não mudei. ainda sou a mesma criança mimada só que com as unhas pintadas para esperar o natal. se eu tenho alguma intenção dizendo isso? não, foi só um pensamento que me ocorreu. agora deixa eu ir tirar a sombrancelha para o ano novo.




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eu queria agradecer a roberta por ter ajudado com o blog esse mês, porque tá difícil pra mim e pro arthur, e ela o fez em grande estilo. brigada beta! não abandona ele não, porque eu só chego daqui duas semanas.

e obrigada todo mundo que tem comentado e que eu não tive tempo de comentar de volta. não ´´e por muito tempo essa correria, eu juro! bom começo de ano pra todo mundo ;)

26 dezembro 2007

Adeus ano "velho"

Vida

Há momentos na vida em que sentimos tanto a
falta do passado, que o que mais queremos é sair
do sonho e voltar no tempo.
Sonho com aquilo que quero.
Sou o que quero ser, porque possuo apenas uma
vida e nela só tenho uma chance de fazer aquilo que quero.
Tenho felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.
As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades
que aparecem em seus caminhos.
A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem a importância
das pessoas que passam por suas vidas.
O futuro mais brilhante é baseado num passado
intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida quando perdoar
os erros e as decepções do passado.
A vida é curta, mas as emoções que podemos
deixar duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar porque em um belo
dia "se morre


Clarice Lispector
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Eu quis por o texto da Clarice como sendo o meu último post do ano no blog,primeiro por eu gostar muito de tudo que ela escreve,e segundo porque eu acredito que a vida é também o hoje que se vive :D
E por fim,são apenas 365 dias que se vão,um ano,um período datado que deixa para trás tantas e tantas histórias,e que deixa um pedacinho do nosso coração com as pessoas que assim as dividiram durante esse tempo,um tempo que não volta,e que viveu-se com intensidade,quando cada um,uns mais outros menos,lutaram pra conquistar um espacinho maior na sociedade.
Eu não quero estender o que eu tenho a dizer sobre 2007,eu espero de coração só uma coisa,que 2008 seja melhor que 2007,que os nossos sonhos e perspectivas,seus e meus atinjam os devidos méritos,que tenhamos força pra enfrentar tudo,absolutamente tudo.

25 dezembro 2007

Salvemos o Natal

Ao contrário do que possa parecer,hoje eu me RECUSO à fazer qualquer tipo de crítica social.O meu alerta se remete à quem acredita,como eu,e ainda tem uma pontinha de esperança num futuro natal muito melhor.E como tá todo mundo careca de saber ,inclusive o bom Noel, são as nossas crianças,ou num futuro ainda mais próximo (nós) quem decidiremos como vai ser daqui pra frente.Puxa,parece uma tarefa um tanto quanto árdua,uma responsabilidade gigante nas mãos de pequenos seres.Siiiiiiiiim,é justamente por isso que venho hoje fazer o meu apelo : Salvemos o Natal! E a primeira coisa que eu considero de suma importância é não deixar que a magia natalina se apague,que a triste realidade derrube nossos sonhos.Não sei se alguém já percebeu,eu sou totalmente adepta às crenças natalinas.Por mais dificil que seja admitir que o Papai Noel não passa de uma figura representativa,eu tenho para mim que não deveriamos deixar nossas crianças apagarem de suas memórias a figura do bom velhinho,poxa,tem coisa pior do que o triste fim dos sonhos?! é como tirar o doce da boca de uma criança.Em segundo lugar,eu protesto contra o fim das luzes de natal,vulgo,pisca-pisca,a cada ano que passa eu vejo menos dos mesmos na cidade,tá,tudo bem,eu sei que a situação fica cada vez mais dificil,precária eu diria,mas caramba,um pouquinho de bom-senso e menos "furtos socias" faria o natal de muita gente o dobro mais feliz.Terceira observação: proponho uma grande festa entre familias,que tivessem um único fim,a união. Bom,emfim,talvez a minha última observação não tenha ficado totalmente clara,explicar-lhe-eis caros leitors: "grandes bobagens são as tradiçoes de natal",seja este talvez o pensamento de muitos,eu até entendo.na verdade não.não entendo.não entendo onde está indo parar a imaginação e os sonhos das pessoas.não tô querendo dizer que tenhamos que viver de sonhos e magias,muito pelo contrário,gostaria muito que pensassem como eu,que tudo nesse mundo tem um porque,que as coisas mais simples talvez sejam as maiores e mais importantes,que tudo tem sua ligação,e que o Natal,as supertições,todo materialismo criado por nós 'homens',tudo,absolutamente tudo tem um significado.e se o Natal foi datado como o nascimento daquele deu a vida por nós,(cristãos ou não) deveriamos ter um pingo de sensibilidade e sentir, que apesar da nossa errônea sociedade,os nossos sonhos,a nossa imaginação estão interligados com os caminhos que traçamos e com a realidade que vivemos.

22 dezembro 2007

(Des)encanto

Ela esperava mais,e é ai que morava o perigo.Foi assim que aprendeu a não se entregar tão fácil às pessoas,cometendo o maior erro de sua vida:esperar tanto de alguém.
Suas vontades vinham repentinamente,mas foi numa noite de céu azul escuro,tempo nublado e frio,tão frio quanto o momento em que ela se encontrava,que ela tomou uma decisão.Não dava mais pra simplismente cruzar os braços e esperar que o destino lhe trouxesse a resposta de um caminho certo,resolveu acreditar simplismente que essa história de destino não passava de um monte de bobagens e ladainhas ditas da boca pra fora.Cansada de tantas frases feitas,olhares perdidos e palavras sem um pingo de sinceridade resolveu fechar o seu coração.
Ela bem sabe que fugir não era o melhor caminho,mas não sabia mais o que era certo ou errado,se existia realmente um caminho que devesse seguir...Tudo parecia complicado naquele momento,onde até então quem respondia era o coração,resolveu finalmente começar a pensar com a cabeça,aprendeu que um simples "querer" torna-se um "poder",fechar seu coração e agir de maneira fria era sim a única opção e solução.Chegou a hora de ser mais racional.O tal encanto que ela sempre sonhou quebrava-se ali naquele momento.

13 dezembro 2007

Reflexões acerca de um filme

A gente tá tão acostumado a viver na mesmice que qualquer acontecimento inusitado,estranho,sobrenatural,seja ele qual for,muito bom,bom,triste,muito triste acaba quebrando a nossa rotina de pensamento,afinal,ninguém tira da minha cabeça que o nosso cérebro é programado..é,eu sei,ninguém nunca parou pra pensar sobre isso,mas se você prestar um pouquinho de atenção vai ver que tudo é bem controlado,parece que as nossas emoções inclusive são "matérias - prima" do nosso corpo,é a partir delas que a nossa cabeça começa a formar uma idéia,um pensamento...
Sério,muito louco isso,eu não entendo "pataticas" de nada sobre a psicologia humana,no sentido cientifico principalmente,mas uma aguçada percepção me faz refletir muito sobre essas coisas.
Na verdade nem era sobre isso que eu queria escrever hoje,tanto tempo sem escrever,parece até que eu ainda tô pegando o jeito da coisa...
Eu devo admitir que ando na mesmice,e o motivo de eu estar escrevendo hoje,motivo não,reflexão...a reflexão que faço hoje,agora,nessa quase madrugada,é sobre o filme que acabei de assistir (Menina de Ouro) tenho certeza que muitas pessoas devem ter assistido e talvez até entendam e sintam o que eu tô querendo dizer...Juro que sempre tive muita vontade de analisar os filmes que me chamaram atenção,muitos deles eu nem me lembro mais o nome (sou péssima nessas coisas) mas a essência...eu soube guardá-las.
O filme por si só é como qualquer outro,uma pontinha de realidade,mas no nosso subconsciente a gente faz questão de lembrar que não passa de uma montagem...uma adaptação com personagens...Mas sabe,ele é diferente,sempre fui muito chorona,inclusive em filmes,me envolvo demais,mais do que deveria,e putz...eu me senti tão pequena,tão frágil,tão nada sabe?!Me fez pensar...Que espécie de bixo somos nós que esperamos tantas vezes as coisas cairem do céu,que vive se lamentando e choramingando pelos cantos,pedacinhos de nada que fazemos literalmene uma tempestade em copo d'agua?! Que estamos fazendo parados agora,de braços cruzados?!
Sério,nossa vida é tão curta pra viver de lamentções..eu me odeio muitas vezes por escrever essas coisas e depois cruzar os braços de novo esquecendo de tudo.E eu já deveria saber disso a muito tempo,mas tapo meus olhos e ouvidos pra vida.
É preciso a garra e coragem da 'menina de ouro' pra lutar,seja lá qual for.
Eu precisava registrar isso hoje..um dia há quem irá se orgulhar das minhas atitutes,dos sonhos que ainda se tornarão reais,e muito mais do que isso uma auto-confiança que um dia vai te fazer repensar em tudo.


obs: A Aline viajou (voooolta Line),o Arthur tomou chá de sumiço (apareeeeece arthur) então enquanto isso eu não poderia deixar o blog mofando
e me esforçarei para mantê-lo atualizado. :)

10 dezembro 2007

Metalinguagem de textos em preto e branco

Cadê aquele momênto de epifania? Cadê a rima poética e o final do texto que sempre vem antes do início? Será que vai voltar um dia? Espero que sim, porque eu gostava. Mais pelos outros que por mim mesma.

O problema é que o mundo parece tão cheio de infinitas possibilidades, mas, quando eu procuro uma delas para jogar no liquidificador e depois beber com uma folha de papel em branco e uma pentel azul 0.7, elas se tornam infinitamente iguais ao que eu ou alguém já pensou em pensar. Até essa metalinguagem toda não é nova para ninguém.

Quem disse que inspiração é uma folha em branco está sendo otimista demais, pois a minha está metade em branco e eu não ouço, não vejo, não sinto nem meia inspiração.

Meus textos estão virando documentos puramente sóbrios e não-sentimentais. Só queria culpar alguém ou alguma coisa ou tudo. Quem sabe assim eu acerto. Eles agora têem parágrafos, pontuações, letras maiúsculas. Não têem mais tantas frases aditivas e alguns, por mais que eu tente, não seguem um fluxo de pensamento. São racionais.Meus textos são sérios, são preto e branco e inércia. As idéias não saem mais voando e as palavras empegnam nos meus dedos, nos meus braços, nos meus desejos. Parecem, à quem lê, textos de ternos, sentados em escrivaninhas apertadas, enfurnadas em cantos, em grandes escritórios cinzas. E eles são reflexos de mim.

Mas eu ainda espero, sinceramente, que eu não tenha virado gente grande.

06 dezembro 2007

Alguma coisa importante

Para dizer a verdade, hoje tudo dói. Sim, esse é outro, apenas mais um, dos meus textos sobre alguma dor momentânea que me atinge, e daí? E se hoje, pelo menos hoje, eu realmente não quizer agradar ninguém? E se hoje eu for desagradável? Quem é que vai continuar fazendo pose e passando imagem hoje?

E eu sinto sim que tantas vez eu desapontei tantas pessoas, ouvi a música errada, fiz coisas erradas, esqueci promessas, perdi a vontade e fiz de cara feia. E todas essas vezes eu pedi desculpas, saí correndo e coloquei a música certa para tocar. E hoje eu não quero. Eu quero ouvir essa mesma que está tocando... Sabe por que? Porque essa não está falando da minha dor. Aliás, ela não está falando de nada que eu entendo. O mundo não está falando uma lingua que eu entendo. E por tanto tempo eu tentei entender. Tentei desvendar desejos e pensamentos. Que bobagem! Completa perda de tempo.

Hoje minha própria cabeça cansada faz questão de não se lembrar. De não se lembrar de nada que meus olhos fazem questão de mostrar. Dos livros abertos, da porta fechada, do mês de ausência.. Hoje eu queria lembrar só de quando eu não fui o que alguém esperou. Não fui nem mesmo o que eu esperei ser. Queria lembrar como é a minha risada de verdade e como se conversa sem mexer as mãos. Queria saber o que aconteceu com o brilho que eu mesma via nos olhos dos outros ou no meu. Queria tanto não querer mais nada e ser tão feliz quanto se quisesse e tivesse tudo aqui que insiste em aparecer nos meus sonhos rápidos de 7 horas da manhã.

Queria tanto parar de querer as coisas e terminar esse texto como quem disse alguma coisa importante.

27 novembro 2007

Fluxos de pensamentos

Faz um tempo, eu perdi o dom de escrever. Eu ainda tento sim, mas acho que nada sai tão verdadeiro nem com tanta vontade quanto costumava sair. Eu resolvi atribuir isso à voce. Sim, porque não? À essa distancia, à comodidade. Você pode até achar que não, eu também posso, mas no fundo, era bem mais fácil escrever quando se tinha ou aquela incerteza, ou aquela dor ou aquele amor novo em mente. O que aconteceu? Eu ainda acho que eu sinto a sua falta as vezes. Que eu penso mais em você durante o dia do que eu deveria. A gente sempre acha que pensa mais. Aqui, agora, eu queria falar da tristeza de ontem. A tristeza de antes de ontem. A tristeza de todos os outros dias que você não veio. A tristeza de ter que dividir você com todas as outras coisas que você tem para fazer. Será que eles não sabem que você é tão melhor inteiro? É egoismo, eu sei. Mas é sabido o egoísmo que existe no amor. Ah, não, por favor, não me leve a mal. Não te quero só para mim. Eu só te quero para mim. São coisas diferentes. Eu só te quero para a vida, meu bem. Só te quero para te dizer isso. Só isso. Será que é muito? Muito pouco? Será que eu posso querer mais? Será que eu posso te querer mais? Sim! Então por que essa falta de tudo? Por que essa demora, esse receio de falar de você nos meus textos if you keep coming and going nos meus fluxos de pensamentos? Será possível que quanto mais eu te posso ter mais eu te quero poder? Afinal, é tão ruim assim reler as suas cartas, ouvir as suas músicas, lembrar das suas mãos? É tão errado assim falar boa noite, boa aula, bom comigo também? E ficar pensando no seu sorriso manjado e no seu perfume de lembranças e suas palavras compassadas assim como a sua respiração ou seus fluxos sanguíneos. Mas será possível? Será possível eu dizer te amo sem parecer que estou contando histórias de amor?






Não.

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Sem querer pressionar a Roberta nem deixar o blog sem postagens, eu tomei a dianteira. Me desculpem blogs que eu não tenho lido. Queria explicar que a vida (que vida? 0o) está corrida, mas logo passa. Obrigada gente. ;*

21 novembro 2007

vida: processo construtivo

Quando eu entrei na 5ª série, fiquei impressionado com aquele novo mundo. Uniforme diferente, horários diferentes, matérias diferentes. Caraca! Agora eu tinha 8 professores! Uhul! Massa! Fera! 4ª série pff... crianças... um dia vão chegar aqui. Mas ainda cobiçávamos a superioridade da 8ªsérie. A tão sonhada viagem de formatura para o Acampamento do Pumas. Parecia algo tão distante, algo que nunca chegaria. Mas logo estávamos ali, na 8ªsérie, os bam-bam-bans do pedaço. O colégio era nosso subordinado e faríamos oq ue fosse preciso para tornar aquele ano inesquecível. De certa forma foi. A 8ªA significou muito pra mim e minhas primeiras amizades fortes de colégio vieram de lá. Infelizmente poucas perduraram e praticamente todas se afastaram. Afastaram no sentido de não sair mais como antes. Sempre nos encontramos, mas não temos a rotina de amigos. Mas mesmo assim ainda considero muitos ali e minha vida continua sendo um livro aberto pra eles.
No ensino médio mostrei-me mais maduro. Com mais capacidade de me relacionar do que no ensino fundamental. As amizades, agora, pareciam mais verdadeiras, mais intensas e mais rotineiras. Ir para casa do(a) amigo(a) era comum. Sair todo o final de semana também. Conhecer pessoas novas e tornar-se amigo da noite pro dia também tornou-se algo extremamente banal. Agora, quando essa amizade repentina tornava-se essencial, era especial. Durante meu ensino médio posso citar 5 amizades como essa. Claro que tem mais, mas essas 5 significaram muito pra mim.
Tão distante quanto a 8ª série estava o 3º ano, que também chegou na mesma rapidez. E cá estou eu, concluindo o ensino médio, mais uma vez largando um monte de pessoas e lugares para seguir para o próximo estrato de ensino. Não sei se tenho idéias tão tristes como as da minha amiga Déborah. os últimos três anos que vivi foram infinitamente melhores do que os 8 anos de 1º grau. O meu querido 3ºE foi muito mais especial pra mim do que a 8ªA. Não desmereço meus antigos colegas, tanto que guardo até hoje meu velho uniforme azul com recados e assinaturas de vários colegas - agora estou fazendo isso com meu mais ou menos velho uniforme branco -, mas não posso deixar de salientar como foi bom viver minha adolescência (boa parte dela) junto a esses companheiros vestibulandos, de todos os tipos, que compunham a sala mais bagunceira- mas a melhor de nota.
Concluindo minha idéia, acho que daqui pra frente, por mais estranho que pareça, as coisas tendem a melhorar também. A vida deve ser um processo construtivo. Devemos tentar sempre fazer o melhor, baseado no que já fizemos. Claro que não vou me esquecer do que passou. Tudo isso servirá de argamassa e de essência para o que eu fizer no futuro. Não posso deixar de concordar com meu professor de português: "A melhor fase da vida é a que a gente tá vivendo.". É claro que é! Querendo ou não vai ser sempre a fase que temos mais senso crítico, que temos mais conhecimentos, mais discernimento das coisas. Em vez de lamentar o que ficará pra trás, vamos comemorar o poder de ir pra frente e de poder levar conosco muito do que construímos.

As lembranças são muito boas - agradeço minha mãe por ter me fotografado muito durante minha infância. É ótimo olhar as fotos de quando somos pequenos e ver nossa lenta e gradual evolução. Aqui vai um conselho para os que querem ter filhos: Fotografe seus filhos, façam inúmeros álbuns de fotos. Um dia eles também irão lhes agradecer. - mas melhor ainda é viver o presente. Viva, aproveite! Encontre sempre o lado positivo mesmo que você esteja na fossa. Lembre-se que há pessoas que não têm lado positivo e mesmo assim vivem com um sorriso estampado no rosto.

Já escrevi muito falando que a vida não nos quer bem. A vida é injusta e estamos aqui é pra sofrer mesmo. Mas vou mudar meu discurso um pouco, sem contrariar minhas idéias: a vida é boa, para quem sabe vivê-la.

13 novembro 2007

Eu igual ao mundo

Só agora eu percebi: a vida falando de tudo, e eu falando da vida. Isso poderia ser uma forma de falar de tudo, mas não é. Falar é só uma forma de fugir. Eu fico sentada aqui escrevendo meus 'E's nos meus textos aditivos, enquanto o sol está se pondo na janela e os programas estão passando na TV e as pessoas estão sonhando com as árvores e com os prêmios que eu nunca sonhei. Sem perceber eu vou percebendo o que realmente eu preciso. Eu não preciso desses remédios todos, nem dessa luz acesa. Eu preciso de mais folhas de papel coladas na porta do guarda-roupa e de mais fotos à luz do dia. Às vezes até mais companhia, mais da coragem para procurar quem eu quero na hora que me bate a tal da vontade. E eu não tenho nada disso. É só eu olhar para dentro e eu enxergo num lusco-fusco o tal quadro surrealista dos meus órgãos vitais, em mais uma moldura velha e carcomida, enquanto o resto do mundo parece mais um livro "josé alencarista". Drama? Sim, com certeza. Mas eu gosto. Faz com que o resto pareça tão bonito, e é o único jeito de ser mesmo. E eu fico pensando que poderia vir essa tal conversa que me dirá que eu sou maior que esse mundo.

08 novembro 2007

ex-pressão

Me exprimo em pensamentos. Me exprimo principalmente nessas besteirinhas ou besteironas que eu faço tanta questão de escrever quase todo dia. E, convenhamos, se eu faço tanta questão e se é todo dia, tem que dizer alguma coisa. Me exprimo nas cores testadas e retestadas e combinadas do meu fotolog. Hora clara, ora triste, ora quase sem cor, ora gritante, hora a hora. Me exprimo nas minhlões de notas que eu ouço por dia. Nas musicas de amor, nas musicas objetivas, na subjetivas, nas populares, nas brasileiras, na bossa-nova. Me exprimo no suco que eu bebo ou não na hora do almoço e nos restos de comida que sempre ficam no meu prato e no que eu faço questão de guardar. Coisas que eu carrego pra lá e pra cá da minha vida e que me garantem a tal da valvula de escape de frases no presente. Nas horas que eu passo olhando o céu, tanto quando ele está cheio das estrelas mais distantes ou encoberto por nuvens cinzas de chuva. Sim, me exprimo nas horas que passo na frente do espelho enxergando nada mais que eu mesma e tentando fazer o de fora parecer com o de dentro pra todo mundo saber que eu não faço tanto sentido quanto parece que eu faço. Quanto eu as vezes faço parecer. Me exprimo no cesto de lixo azul do meu quarto. Nos papéis de bala, nas embalagens de remédio, nos bilhetes, conversas durante a aula, meios papeis completamente rabiscados e cheios de estrelinhas. Posso sim ser encontrada nos meus fios de cabelo caidos pelo meu quarto, nas coisas eu jogo dentro do guarda-roupa quando vem alguém, na unha sem esmalte, no cabelo sem escova, no olho sem lápis, nos moletons largos e no frio que eu sinto mesmo quando não esta tão frio assim. Estou hoje essencialmente expressa nas palavras que escrevo e nos sonhos que tenho. Sonhos cada vez mais raros e maiores. Expressa nas amizades que mantenho nas conversas e opiniões ou falta delas. No inconformismo com a humanidade, na falta de vontade de votar, na grande vontade de ficar trancanda no quarto, deitada na cama, um dia inteiro. Na vontade de chorar. Me expresso no meu filtro de sonhos e no meu ohn vermelho pendurados no meu quarto, nas mil coisas sem utilidade dentro das minhas bolsas, na minha vontade de não parecer ninguém, no jeito que eu sento, no meu gosto por deitar no chão em dias quentes, na minha preguiça, na minha vontade, nos meus dedos finos e olhos pretos. Sou encontrada nas cordinhas coloridas no meu braço, no meu pé, na minha mente. Me exprimo no meu horário limitado e nas minha metonímias esporádicas e nas minhas lágrimas semanais. Então, se você quiser, já sabe onde me encontrar.

04 novembro 2007

36 minutos

O texto a seguir é uma crônica que eu já havia publicado antes em outro blog
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_ E agora, que que eu faço? – se perguntava ao descer do avião, inseguro e ansioso. O aeroporto parecia bem maior do que da última vez que estivera lá. As pessoas passavam do seu lado, porém distantes, e ninguém parecia capaz de ajuda-lo.
Lembrava-se agora de todas às vezes que esteve em um aeroporto, sempre acompanhado de sua mãe ou de um parente maior de idade. Não sabia se comia algo, se procurava um ponto de táxi ou se ligava para sua mãe pra avisar que chegara bem.
_ Melhor eu chegar em “casa” primeiro, aí eu já falo com ela tudo de uma vez.
Aproximou-se de um funcionário – onde posso pegar um táxi?
_ Vá para o andar de cima e procure pelo Banco do Brasil, ao lado tem um ponto de táxi. – respondeu mecanicamente o gigante imóvel. Já deve ter respondido a essa pergunta umas vinte vezes hoje, isso porque ainda são 9:37 da manhã.
O vôo foi rápido, chegou com dez minutos de antecedência. Ao chegar no banco, aproveitou para sacar dinheiro, afinal, não tinha idéia de quanto era a tarifa do taxímetro em Florianópolis e a única referência de distância entre o aeroporto e “sua casa” que tinha, era o google earth.
Enquanto se encaminhava lentamente para o táxi, tirava do bolso um pedaço de papel, arrancado cuidadosamente de um caderno, em que anotara, na noite anterior, o endereço do lugar. Tirou também um esboço de um mapinha, para facilitar a vida do taxista – e do seu bolso.
Durante muitos anos na minha vida andei de táxi pelas ruas de Goiânia. Minha mãe não tinha muito tempo para nos levar para nossas diversas atividades a tarde e, para não irmos de ônibus, fez convênio com uma empresa de táxi. Com o decorrer dos anos, fiquei mais velho e comecei a me sentir mal em ter um “chauffeur”. Sentia vergonha de ir ao shopping de táxi. Sentia vergonha de não saber andar a pé no meu próprio bairro. Sentia vergonha de não saber entrar num ônibus (e muito menos sair).
Foi nessa época que minha maturidade começou a nascer e, hoje, se desencadeou nessa minha vontade de sair de minha cidade, abandonar toda a mordomia em que vivo - como diz minha avó, que foi a que mais gorou meu vestibular – e morar sem bajulações em uma cidade desconhecida. Claro que, além de todo esse desejo de amadurecer mais e aprender as responsabilidades de se virar sozinho, penso também em minha formação acadêmica, que provavelmente será bem melhor.
Conversou bastante com o motorista em vinte minutos. Desde pequeno tem essa mania de bater papo com o taxista. Explicou a ele de onde vinha, o que fazia ali e quais eram suas expectativas para com a cidade. O motorista, quando já chegavam, falou muito bem de floripa, que todos que iam viver lá, adoravam. Quando descia do carro, ganhou um cartãozinho, para quando precisasse de um táxi.
_ Acho que vou gostar daqui. A casa é bonita e, como é perto da faculdade, deve ter muitos calouros, como eu, morando aí também.
Entretanto, não sei se ia querer morar naquela pensão durante quatro anos. Na verdade, eu sempre me imaginei dividindo um apartamento com dois ou três amigos. Mas isso eu vejo depois.
Agora, dentro da casa, já me sentia bem melhor. Não estava mais ansioso e inseguro como no aeroporto. A dona da pensão era muito atenciosa e gentil. No táxi eu aceitei de uma vez que agora essa era a minha cidade e minha nova vida.
Meu quarto estava arrumadinho e até cheiroso. Deixei as malas num canto, me atirei na cama fresquinha e fiquei ali, uns dois minutos sem pensar em nada. Tirei meu celular do bolso. Já eram 10:12 – Caramba! É tão engraçado quando o tempo passa devagar. Esperei mais um minuto. Pensei nos meus amigos. Como os amo. Como me deram força para que hoje eu estivesse aqui. Quatro anos vão passar rápido e eles vão aproveitar bastante também. Chega de enrolação, agora eu preciso ligar e dar notícia...
Disquei cuidadosamente cada tecla, já me acostumando a colocar sempre o DDD e a operadora antes do meu velho conhecido. Chamou apenas uma vez, mas aquele bip durou uma eternidade. Minha mãe atendeu como se tivesse deixado tudo de lado e esperasse apenas meu telefonema durante toda aquela manhã.
_ Alô, mãe? Estou bem, já cheguei em casa.

Fofocando sobre a Perestroika - 11/06/2007

31 outubro 2007

A estrela

Eu procurei (na verdade tô procurando ainda) a essência (lembrando do texto da Aline) do que eu realmente quero escrever.Há dias a inspiração não vem,nada de tão grandioso,interessante ou especial me chamou atenção nesses ultimos tempos.E na verdade a tristeza me consumiu nesses ultimos dias,uma tristeza tão sem necessidade,tão banal que as vezes eu me acho uma completa besta,chorona,mimada e sensivel. não que chorar seja ruim,eu gosto muito de chorar,me sinto de alma lavada e renovada.então porque hoje?31 de outubro de 2007?Porque é bonito,dia das bruxas,por ser o ultimo dia do mês e por eu estar fazendo contagem regressiva para o vestibular?Não,não,o motivo é simples e o momento é ideal. Vocês vão entender o que eu tô querendo dizer logo,logo.
O ponto mais critico desse ano foi como e até onde a minha afinidade com as pessoas ia chegar.Colégio novo,3° ano,uma puta duma responsabilidade nas costas e uma vontade intragavel de conhecer gente nova.Duas "amigas" eu já esperava encontrar,mas no decorrer dos meses nenhuma delas conseguiram que eu superasse minhas expectativas,pelo contrário,me decepcionei com ambas pelo comportamento e ausência.Consegui superar,afinal um pouco de autenticidade não faz mal pra ninguém,e logo me relacionei com uma pessoa aqui,outra acolá,umas conversinhas,brincadeiras,bilhetinhos,mas nada de tãão grandioso.Até que a vida de surpreendeu com uma pessoa,na verdade duas,duas pessoas a que eu posso afirmar com todas as letras serem minhas AMIGAS,e olha que coincidencia,elas tem o mesmo nome.Uma viajou pra bem longe,o contato é pouco mas o suficente pra deixar saudade,a outra,ah! ela sim mudou a minha vida.Tudo aconteceu tão rápido,e parece que foi um anjinho enviado por Deus.Eu me conhecendo o suficiente,tinha certeza que de duas uma: ou iria permacer sozinha,cultivando as minhas poucas amizades fora da escola,me relacionando,aprendendo a conviver com as mesmas,ou alguém muito especial ia aparecer pra vencer comigo fases tão dificeis pelas quais a gnt passa na vida e que na presença de um amigo tudo parece mais simples.
Ela é comum e normal (na concepção conservadora que é a sociedade hoje),se veste bem,é bonita,sabe combinar roupa e é inteligente.Mas muito mais do que todo o esteriotipo fisico, ela possui uma essência.Mal sabe ela a quantidade de qualidades que a cerca,o carinho que ela esbanja por ai,a delicadeza de suas palavras,a habilidade única que ela tem de ajudar as pessoas com apenas um sorriso.
Sabe...eu podia passar anos e anos tentando descreve-la,tentando convencer vocês da pessoa maravilhosa que ela é.Mas eu bem sei que tem certas coisas na vida que não se explicam,e uma delas pra mim,é a amizade.São os comportamensto "humaníscos" tão diferentes,a sabedoria do homem de criar e recriar,de sonhar,e tratam-se de sonhos tão diferentes,e por mais parecidos que eles sejam a essência é diferente,e isso nunca ninguém vai mudar.
Pois bem...sem mais rodeios,e eu acho que eu viajei um pouco nas minhas ideias,nos meus sentimentos,acredito que eu tenha conseguido passar a minha mensagem pra ela,ela que nasceu pra bilhar literalmente,e não é a toa que a chamam de estrela,e não é 'uma' estrela,é A estrela.


ps¹.: um trechinho do texto da Tati Bernardi que um dia desses eu mostrei pra ela,não tem muito a ver,mas eu particularmente acho muito bonitinho.
"Achei aquilo lindo, achei que aquilo era a vida. E acabei dando finalmente o abraço eterno que ela tanto queria e que eu tanto queria."
ps².: Eu sei que você já entendeu que é pra você Aline (parabéns de novo),mas é pra deixar claro pras pessoas que possivelmente venham a ler o texto.

29 outubro 2007

moça, cadê você?

Caramba!
Onde está o leite condensado quando eu mais preciso dele?
Não que eu queira fazer um pudim ou um brigadeiro, mas é que eu acho muito brega afogar as mágoas em cerveja ou pinga. Prefiro tomar leite com toddy, ouvir Basket Case do Green Day. Mas principalmente comer uma lata de leite condensado. Inteirinha!
É... não é facil manter essa gordurinha aqui não. É necessário estar sempre triste ou na fossa. Se bem que eu gosto de comer leite condensado também naqueles dias atoas, nos quais não há nada para se fazer e você fica assistindo filmes, sem compromisso, no telecine.
Quando estou atoa gosto de procurar produtos no Mercado Livre. Ultimamente procurei uma camiseta do Offspring, uma do Coldplay e um barbeador elétrico. Todos os barbeadores que encontrei são de São Paulo ou do Rio e a voltagem é de 110; a camiseta do Offspring está cara e não existe a do Coldplay.
Depois de, como esperado, não comprar nada, começo a baixar músicas no Emule. Algumas bem antigas, daquels que, quando ouvimos, enxergamos flashes de nossa infância. Outras apenas significativas. Hoje mesmo baixei umas músicas do Guns'n Roses. Estou afim de ouvir algumas músicas com solos intermináveis. Logo, logo Led Zeppelin vai entrar na minha playlist.
Ouço músicas de hard rock ou de metal quando estou meio triste. Normalmente gosto de músicas mais agitadas ou de mpb. Já faz tempo que não vou num show. Este ano está apertado. Mas eu compenso tudo no ano que vem.
Quando estou escrevendo no blog geralmente fico ouvindo alguma música e visitando alguns sites. Não gosto de conversar no msn enquanto escrevo. Senão perco meu raciocínio. Quando eu perco o raciocínio tento emendar numa idéia paralela. Mas aí fica um texto interminável e difícil de concluir. Por isso, pra parar de enrolar você, leitor, me despesso pra ir ali no mercado comprar uma latinha de leite condensado.

26 outubro 2007

Janelas mínimas

Olhar pela janela já não é tão bonito assim. Nunca foi bonito, mas eu olhava. Minhas janelas nem sempre tiveram grades, mas na primeira ameaça externa, meu pai correu colocá-las. E não, eu não tive tantas janelas. Tive apenas duas e uma varanda. Pela primeira eu enxergava um muro. Um muro velho, desgastado, descascando. Via o chão perto de mim e sonhava com o dia em que eu veria o céu perto de mim, por detrás das grades cinza chumbo. Quando tive a chance de escolher, escolhi o quarto com varanda. Quem não gostaria de ter uma varanda no próprio quarto? Pra fugir até do lugar de fuga, quando tudo parecesse perdido, e ficar olhando para o nada. Finalmente um pouquinho mais perto do céu, eu pensei. Mas ninguém me avisou que a minha varanda não era só minha, que a visão dela não era o céu e que, além de uma varanda, era também uma gaiola. Minha terceira janela é legal. No sexto andar, abre de um lado, do outro, tem uma rede para me impedir de voar, tem recadinhos pendurados e um prédio verde bem na frente dela, com uma janela para um quarto salmão (salmão?!) com uma cortina azul marinho e um espelho, e uma menina que nunca olhou pela janela dela. E eu invejo quem tem janela. Não quem tem buracos quadrados com redes ou quem tem gaiolas de ferro, quem tem janela. E eu sinto uma vontade tão grande de ter uma janela tão grande que todas as janelas encolhem e se tornam mínimas. As janelas da mente, as janelas das horas, as janelas dos dentes, as janelas lá fora.

21 outubro 2007

O sexto minuto

No primeiro momento foi só emoção. Não passava disso.
Respirou fundo e voltou a ouvir.
Era dífícil, torturante. Mas ele simplismente ouvia.
As verdades esbofeteavam-lhe tanto a cara, que começou a ficar vermelho e o olho começou arder.
A cada palavra que ingeria, o aperto no coração era maior, e sua íris começava a brilhar. Mas por quê? Nem é algo assim tão triste!
No primeiro minuto uma lágrima escorreu e parou ali, no cantinho da boca. Era possível sentir o gosto salgado da indignação, mas que vinha como um amargo de tristeza.
No segundo minuto ele conteve. Respirou fundo e disse tudo o que pensava e, por certo tempo, guardara. Por alguns segundos sentiu uma felicidade maligna por achar que agora tinha revidado toda a dor que sentira. Mas não. Estava enganado.
No terceiro minuto, além de toda a tristeza, sentia-se arrependido por ter sentido-se feliz em meio àquela discussão. E agora sim, escorreram pelo seu semblante uma, duas, três lágrimas, cortando seu rosto e deixando-o mais vermelho ainda. Já não agüentava mais. Medo, tristeza, angústia, arrependimento, indignação e desespero borbulhavam pelos seus olhos e já não era possível segurar mais. Afastou-se dali. Chorou. Quem disse que homem não chora?
No quarto minuto ele voltou. Mas não queria conversar mais. Cortou logo o assunto e começou a se despedir. Ele não pode ficar mais nem um minuto com você. Ele tem que ir. É o melhor pra ele. Espero que você entenda!
No quinto minuto ela disse que entende. E ele não sabe por que, mas queria que ela não entendesse. Queria que ela insistisse um pouco mais.

Ele deitou-se no banco e desabou-se a chorar. Sempre foi um chorão, sensível, emotivo, emocionado, romântico ou qualquer outro sinônimo. Mal ele entendia por que estava chorando agora. Tudo foi tão repentino. Tão "do nada". Ele não queria mais vê-la neste dia. Não queria mais tocar no nome dela. Mas queria, no fundo, que ela, como ele, chorasse.

20 outubro 2007

Filosofia de final de ano e começo de vida

É como se a cabeça estivesse farta de pensar. Como se todas as possibilidades para o momento estivessem esgotadas e minhas idéias supersaturadas com um quilo de corpo de fundo. A dor nas costas, as dores de cabeça, a falta de vontade, o ar carregado, o descaso, o pé seco e a cabeça andando de um lado para o outro, mostram só que o corpo está cedendo. Mais dia menos dia vai ser só a mente trabalhando sozinha à 29 quilômetros por segundo sem ser acompanhada por todo o resto. E o que realmente pode ser considerado durável afinal? Essa minha incapacidade de não sofrer? Essa necessidade que eu sinto de chorar toda vez que me dá vontade, de explodir toda vez que guardo muita coisa, de enxergar problemas em coisas ínfimas e de simplificar coisas impossíveis? Não, durável é só essa carcaça. Nem essa daqui quase 42 anos, se Deus quiser. Durável é só a impressão de todas essas necessidades que me fazem. Necessidades que serão outras no dia seguinte, na hora seguinte, no ano seguinte. Já a impressão será a mesma, sempre. Se à 3 anos atráz eu era decidida, quem me conhece à 3 anos vai sempre dizer "ah, ela é tão decidida!" por mais perdida que eu esteja, andando em circulos e viajando, me descabelando e falando coisas sem sentido nas respectivas frentes. Só por eu, um dia na minha vida, ter decidido que queria alguma coisa. E, na verdade, até queria: 3 anos atráz. Por que esse pensamento agora? Por que e se isso tudo não der certo? E se isso tudo não for tudo que eu sempre sonhei, for só tudo que eu sempre evitei? Falhei. Quase uma decisão certa que me deixou quase feliz. Mas não se assustem, eu quase vou aceitar como se fosse a única coisa do mundo. Apesar de saber que não é.

ps* sim, eu sou vestibulanda.

12 outubro 2007

Melhor memória

Deitada na minha mais nova velha cama, eu percebi: eu morri. Olhando para fora, para a janela, eu vi o quão contraditória é a minha vida de dentro e a vida que existe fora. E eu tô morta. Morta de vontade. Morta de ânimo. Morta de existência. Não digo que estou morta já a algum tempo, só que percebi hoje que as vezes estou morta. Morri, mas ainda dá tempo. Dá tempo de pensar. Se isso fosse capaz de trazer de volta a vida, no que eu iria pensar?

Sem perceber o quão raras seriam aquelas manhãs de sabado e a diferença que elas me fariam, eu ia até de má-vontade, entrava no carro, no banco de trás, e passava em todos aqueles lugares sem a menor graça para uma criança de 7 ou 8 anos. Eram dois, três, quatro, as vezes até cinco lugares cinzas ou marrons e cheios de papéis e pessoas de óculos, camisas com botões e nenhum sorriso no rosto, antes de chegar na loja toda colorida e cheia de portas de vidro, onde eu mal alcançava a primeira prateleira de cds.

Mas ali era diferente dos outros lugares adultos. Ali até os mais adultos tinham recaídas diante dessa ou daquela "raridade", como meu pai costumava falar. E eles sorriam. E eles pensavam, tinham dúvidas, pareciam mais com pessoas e menos com máquinas ali naquela loja. Apesar de ser a melhor parada da manhã de sabado, ainda assim, era quase um tortura para mim aquelas prateleiras. Primeiro porque eram tantos os "melhores" cds, que eu não sabia qual eu pedia para a moça pegar para mim, e corria, em seguida, atrás do meu pai, para falar na orelha dele o resto do dia o quanto aquele cd era meu preferido. Segundo que, quando eu decidia, era uma decisão completamente em vão, já que nunca conheci ninguém que gostasse mais do seu dinheiro bem guardado na carteira como o meu pai.

Mas aquele dia, aquele dia foi diferente. Eu andei entre aquelas prateleiras e vi, pela primeira vez, aquele desenho de cata-vento colorido, de letrinhas coloridas, de tantos nomes coloridos: A Casa de Brinquedos - Toquinho. Era tão bonita aquela capa. Era encantadora. Era apaixonante toda aquela possibilidade de mundo dentro de uma caixinha. E eu, que nunca tinha ouvido nenhuma música daquelas, nunca tinha visto propaganda daquele albúm, nunca nem saberia que ele existia se não fosse aquele sabado, alcancei o cd sozinha e corri pro meu pai, mas achando, lá no fundo, que não seria dessa vez também.

Cheguei correndo na frente dele e levantei aquela caixinha colorida, mas ai não foram só os meus olhos que brilharam. Lucinha Lins, Simone, Tom Zé, Chico Buarque, Paulinho Boca de Cantor. Qualquer aldulto que ainda tivesse um pouco de criança, ficaria balançado. Foi assim: pela primeira e única vez na minha vida, meu pai me comprou um cd.

Foi o cd que eu mais ouvi naquele resto de infância. Hoje eu percebo que não foi só um cd. Foi um abrir de portas para um aspecto cultural que eu carreguei desde aquele dia, e, não tenho dúvidas, meu pai sabia o que estava fazendo quando sorriu para mim e falou: "Este tudo bem". Depois daquele, ele não se atreveu a comprar mais cd nenhum para mim. E se toda a magia do ato se tornasse algo rotineiro? Não, ele não podia arriscar. E eu não o culpo, entendo completamente.

Acho que hoje, não levaria outra memória para as minhas mortes de quarta a tarde.

07 outubro 2007

Por trás das revistas

Todo homem idealiza uma mulher perfeita. Morena; olhos cor-de-mel; cabelos lisos e castanhos; nariz pequeno e retinho; dentes perfeitos; magra, porém com seios fartos e bunda redondinha; uma cintura bem desenhada; coxas grossas, bronzeadas e sem nenhum pelinho. Tudo natural. Além disso ela deve ser inteligente, bem humorada, ter um papo legal, ser liberal e um pouquinho difícil.
Haja mão divina para esculpir essa utopia de mulher. Deve ser bem difícil encontrar uma dessas dando sopa por aí. Pensando bem, nem deve ser tão bom ter uma mulher assim. Como vou ter afinidade com alguém que não é nada do que eu sou?
Quem vai brigar comigo por deixar a tampa da privada levantada? Será que uma mulher dessas usa o banheiro? Só se for o espelho, afinal, ela mal deve comer para manter-se sempre com esse corpo de deusa. Sem falar que o legal de um relacionamento é um sempre tentando melhorar parao outro. O que uma mulher dessas teria de melhorar?
Os homens, em geral, deviam ser menos egoístas e exigentes e admitir que as mulheres são sempre maravilhosas do jeito delas. Assim como nós temos pêlos, as mulheres têm celulite, em menor ou maior quantidade, e temos que assumir de uma vez por todas que isso não nos afere em absolutamente nada.
Toda mulher faz cocô. Não é só nossa mãe. E, sendo falta de educação ou não, toda mulher solta pum, mesmo que apenas quando sozinhas. As mulheres gostam de sexo, sim. E se quer saber, o apreciam muito mais e de melhor forma que os homens. E não é isso que as torna vagabundas ou vulgares, e sim interessantes, atraentes e misteriosas.
Devemos parar de colocar as mulheres num plano tão distante da realidade. Já é difícil chegar aos pés das que estão próximas. Olhe ao seu redor e veja quanto sexo feminino é mais estudioso, esforçado e apto ao mercado de trabalho que você. Devemos aceitar as mulheres assim como elas são: sempre perfeitas; pois todo homem há de concordar que mulher é a melhor coisa do mundo.

30 setembro 2007

O conto dos próprios passos

Ela chegou no tal do banco. Sentou e olhou para os dois lados da estrada: Por onde veio e por onde deveria seguir, e ficou parada. Poderia ela ficar parada no meio da estrada, olhando a bifurcação de idéias que aqueles dois caminhos eram capazes de causar? Ela não queria a resposta e ficou ali, olhando. Sozinha, é claro. Desumana. Um senhor parou do seu lado, como quem examina um bicho no zoológico e riu aquela risada entendida da vida:
"Para onde você quer ir? Conheço toda a região. É de conhecer tão bem, que lhe digo, vem por aqui!"
E lhe estendeu a mão enrugada. Ela olhou-o com olhos lassos, cheio de ironias e cansaços, e cruzou os braços, acenou com a cabeça. O senhor, intrigado e ofendido, seguiu o seu caminho, e ela ficou ali: teimosa. Mas não iria por ali. Pela estrada desertamente cheia, veio uma moça e lhe deu a mão.
"Está perdida? Vem por aqui, te mostro por onde ir!"
Sorrindo e mostrando seus dentes milimetricamente perfeitos e suas mãos macias de amiga. Ela nem se mexeu. Soltou a mão da moça e disse para continuar seu caminho, que ela acharia o dela sozinha, obrigada. A moça se foi chorando. E chorava a grosseria dela, mas esta era sua glória: não acompanhar ninguém. Embaixo das estrelas do meio-dia, ela continuava a olhar aquela estrada, completamente perdida, mas completamente mais descoberta que qualquer um que soubesse para onde ir. E lá ela ficou. Passaram pessoas, não-pessoas, bichos, luzes, e quando quase todos desisitiram de indicar o caminho, o vento lhe perguntou:
"Há dias estás ai! Por que não retomas o caminho?"
"Não quero ir por ai"
"Que queres então? Queres que eu te leve? És louca de ficar ai parada!"
"Quero que todos se vão. Vai você também! Para lá tem estradas, jardins, canteiros. Tem regras, e tratados, e filósofos, e sábios. Já eu, tenho minha loucura, e eu a carrego como um farol, a brilhar na noite escura."
"Dizes que não queres ninguém a te guiar?"
"Ninguém? Ah, não. Tenho o Deus, o Diabo a me guiar, e, por que não, tenho também uma ilusão."
"És louca mesmo? Pois então venha por aqui, acharemos tua lucidez."
"Não me tenha compaixão, não me peça exposição: Não me diga 'vem por aqui'."
"Mas mal tu sabes onde vais! Eu me vou por ali. Vou para lá. Tens certeza de que não queres ir?"
"Não sei por onde vou, Não sei para onde vou, - Sei que não vou por aí."
Subestimado, o vento foi. Orgulhosa, lá ela ficou: no vendaval que se soltou; na onda que se alevantou; no átomo a mais que se animou.

Conto intertextualizado e baseado em José Régio.

28 setembro 2007

Fruto proibido

Eu sei que o tempo vai passar e mais uma vez com ele vão todos aqueles sonhos que um dia eu planejei.E ainda assim eu quis por um momento que aquilo tudo se tornasse realidade.
A maneira como tudo aconteceu ainda martela na minha cabeça toda vez que eu olho pra você,foi tudo tão rápido,tão estranho e intenso que as vezes eu tenho medo de tentar seguir em frente com toda essa "história",se é que isso foi uma história um dia.
Hoje eu percebo o quanto é dificil te ver sempre tão perto de mim e tão longe ao mesmo tempo,sem poder fazer absolutamente nada,e não fazendo a menor idéia do que se passa pela sua cabeça,sem saber se em algum momento todas as nossas diferenças se tornaram pura e simplismente encaixes de quebra-cabeça.
Me conhecendo como eu já fui um dia,apesar de tantas incertezas,apesar de tantos momentos decisivos prestes a ser tomado,hoje eu penso que a melhor forma de evitar uma mágoa futura é impendindo-a no presente.
Tá tudo tão estranho e incomum que eu olho pra você e penso: "como?porque?"odeio tudo gostando de tudo, odeio querendo, odeio sem odiar.
E diante de tantas incognitas,diante do combate acirrado do coração com a razão,uma coisa é certa: como tudo na vida,eu sei que vai passar,e todo encanto vai se apagar, todo aquele friozinho na barriga vai derreter,e tudo salvo neste texto não passará de um simples documento romântico,daqueles que um dia você lê e pensa : puxa,como as coisas mudam!
Tudo é possivel quando se tem confiança e coragem,mas querer e poder são duas coisas completamentes divergentes mas que ainda assim estão interligadas,eu te quis sempre tão perto,e logo me vinha na cabeça: "Não,eu não posso" e por 'n' motivos que são completamente inúteis de serem citados eu prefiro esquecer e te guardar num potinho de confetes junto de todo carinho que eu sempre terei por ti.

23 setembro 2007

Convite informal

Será mesmo que o pouco que sobrou ainda é muito? A mim me engana essa mistura de ideais e informações, verdades e televisões, que eu tomo todos os dias quando acordo, quando pergunto, quando tenho sede. Eu olho para a janela e vejo tudo quadrado. Eu olho para o quadrado na minha frente e vejo mais um texto sobre o documento expedido dentro de mim. Documento expedido em 31 de outubro, 1989, velho. Tão cansada e tão feliz. Tão sorrindo para quem? Eu também queria saber, ‘os meus amigos cadê? Minha alegria, meu cansaço, meu amor.. Cadê você?’ Alguém que queira dar pitaco, quem quiser: Marque hora. Marque, porque agora não é hora de se distrair. Maldita hora essa em que decidiram por mim. Eu, tão auto-suficiente, idéias ambulantes, respostas feitas e refeitas, não sei pra que lado ir. Irônico não? Ao passo, passo em casa. Passo pela vida prestando atenção nas coisas tão bonitas que eu nunca vou ser. Nas coisas tão feias que são minha culpa. Eu levando da cadeira e deito na cama, espiono meus pensamentos passarem através da telinha do mp4. Espiono meus sentimentos se passarem por palavras, em textos tão previsíveis e pós-modernos, que nem sabem se são narrativos, dissertativos, explicativos, incomunicativos, ilegíveis. Lindos. Linda essa inconstância sentimental do ser humano, não é? Linda a minha mania de tentar me analisar inutilmente: que pormenores meus eu enxergo afinal? Quem quiser tentar, por favor, sinta-se à vontade para se perder em toda essa leviandade que eu tanto gosto em mim. Que, na verdade, ainda é muito.

21 setembro 2007

O começo do fim

Saudade: substantivo feminino,recordação ao mesmo tempo triste e suave de pessoas ou coisas distantes ou extintas,acompanhada do desejo de tornar a vê-las ou possui-las.
É...o conceito mais simplório,as caracteristicas exatas e que repassam o verdadeiro sentido da palavra.Fácil pronuncia-la,de dificil controle,chega assim de supetão,resgata lembraças, momentos de gozos vividos,mas que simplismente se perdem no tempo.
Vontade incontrolavel de abraçar aquela pessoa por quem um dia você se apaixonou,poder (re)viver os mais simples momentos da vida,poder olha-la nos olhos novamente,deitar no chão,sentir o cheiro de terra molhada num fim de tarde debaixo de chuva e simplismente parar o tempo.Vontade de resgatar a infância mais feliz,talvez não a mais cheia de travessuras,mas trazer de volta cada momento vivido com tamanha intensidade.Voltar no tempo pra poder fazer aquela viagem inesquecivel e reencontrar aquelas pessoas incriveis,na qual talvez tenha se sustentado um amor de "verão",aquele que te fez chorar na despedida de volta pra casa,que te fez sentir borboletas na barriga,aquele pelo qual seus olhos brilharam,aquele no qual você sonhou estar ao lado uma vida inteira.Mas...ele se perdeu e não volta mais,e hoje você olha pra traz,com um sorriso timido e sem graça,feliz por todos os momentos de prazer passados,triste por não poder resgata-los,e tentando hoje agarrar com toda sua força cada oportunidade que a vida lhe oferece.
O que passou passou e não volta mais,e dentre todas as pedras que aparecem em seu caminho uma flor,ou várias,são capazes de nascer e trazer consigo mais uma vez aquele sorriso,e aquela vontade de viver.

19 setembro 2007

vinte metros quadrados

Putz, ele ainda existe! E, o que é mais fantástico: ele entra aqui (ou entrou, tanto faz). E tem todas aquelas horas que a gente espera uma pessoa pra dar a mão pra gente e nos tirar desse buraco de dia-a-dia em que a gente se mete. Mal sabia eu que era ele quem eu estava esperando. Será que ele sabia? Por incrível que pareça, tem horas que eu escrevo pensando nele sem saber. E ele é tão presente que me assusta que eu não tenha visto antes. Mas ele viu. Pior que eu escrever sobre ele sem nem perceber, é ele perceber, me avisar quase que por mensagem subliminar e eu entender. E agora que eu li, é tudo tão você. É tão cuspido que me aperta o peito, me torce o coração, e dá aquela saudade da sua amizade, companhia. Vontade de contar pra você que eu não deixo de pensar nenhum minuto. Que eu nunca esqueço da musica, nem da promessa de me ensinar violão, nem de ter tido a mais extrema falta de sorte de ter ido até ai e não ter te encontrado. Não esqueço nunca. Não sei de você mais do que alguma letra de reggae ou algum comentário surpresa que na verdade sempre disseram muito: eu sei lê-los. Não te vejo mais que dois dias por ano/média, e é o suficiente pra eu entrar no carro pensando: cara! é muito pouco tempo! E hoje? Hoje você foi quem fez chover, sabia? Primeira chuva desde que eu voltei daí. Me diz se tem lógica? Não precisa ter: essa amizade nunca precisou de lógica, você sabe. Você sempre esteve por ai. Só não sei por onde eu andei.

15 setembro 2007

Máquina sóbria

Um dia eu acordei e dei de cara com esse mundo ao qual fui mandada. Não pedi nada de mais, aposto que ninguém pediu também, só viver. Acontece que eu não vivo mais, ninguém vive mais. Que espécie de vida é essa em que o sistema não vê a relação humana como necessária, que quem deveria cuidar dos nossos direitos, pega o nosso dinheiro sem pedir? Hoje não se vive mais: acorda-se, liga-se o piloto automático e segue a vida como ela vier para ser seguida. Me diz que tipo de pessoa está viva e não se indigna com o desamor tão gritante no mundo? Quem está vivo e não se indigna com a remissão da parte política mais podre deste país? Que tipo de pessoa existe e fica parada, assistindo na televisão, sua dignidade, sua força ir esgoto abaixo? E, ainda assim, olha-se em volta e só se vê carros-máquinas, dirigidos por pessoas-máquinas, com pensamentos mecanizados e braços mecânicos, que funcionam à beneficio próprio! Não se faz mais amigos, se faz colegas, não se ama mais, se tem dó! Dó? Dó é o sentimento mais baixo e repugnante, e ainda assim, as pessoas ajudam as pessoas por dó. Por que ninguém mais enxerga no outro ser, uma vida igual à sua? Não tem 'o que' pra fazer alguém pensar que é mais importante que uma árvore, que um animal, que o ar que a gente respira e a água que a gente bebe. Então que porra de manual disse que a economia pode sim vir antes da manutenção da vida? Que ser humano é grande o suficiente pra dizer quem morre e quem vive? Passageira ou não, é a pior fase de que já se ouviu falar. É o pior ar o qual já se respirou, é a pior água, é a pior alienação. Pior que qualquer censura, pois esta já impediu de saber a verdade, mas, e agora, que a verdade está dançando de verde e amarelo na cara dos tais 41, 35, 6 e do resto do Brasil? É simples e completamente incoerente um país que um dia lutou tanto, hoje tão acomodado, que o sofá já tem até o seu formato. Se alguém me perguntar 'e ai?', o que eu vou dizer? Vou dizer, senta ai, pede uma cerveja e fica de boa. O que se pode dizer? Como já disse aquela futura grande escritora e presente grande pessoa: não se faz revolução sozinho. Apesar de tudo, não me sai da cabeça que "não sois máquina! Homens é o que sois!"

*última frase por charles chaplin.

12 setembro 2007

Conto de fez de conta

Faz de conta que seu eu olhar pela janela agora, eu vou enxergar todas as estrelas que eu vejo quando eu fecho os olhos. Finge que se eu abrir o armário agora, ele vai estar arrumado e aquela foto vai estar inteira. faz de conta que tudo que eu ouço todo dia não entra por um ouvido e sai pelo outro. Que uma dia eu vou abrir a porta e você vai estar aqui, dormindo. Finge. Só um pouquinho. Só por um momento, pense que amanhã é feriado, que depois de amanha é carnaval, que depois de depois de amanhã é dia de chuva. Finge comigo que nada mudou: que a gente ainda entra em playground, que a gente ainda tem tempo livre. Faz de conta que eu não ligo, que o mundo não tá morrendo, que a mpb não é tão popular assim. Lets pretend that we can play mary-go-round. Que eu vo na mudança dentro da caixa, que você se atreveu a me dizer o que você queria. Posso fingir só um pouquinho que o vento está batendo no meu rosto? Porque, afinal, ele está, só não sinto porque não sei em qual deles. Vamos fazer de conta que eu encarnei no lugar certo, que meu pé cabe naquele sapato 37, que um balde de água vai resolver meus problemas respiratórios. Tá certo, pode fazer de conta que não sabe de nada, que caju é doce, que na próxima melhora, que eu vou fingir que não tem mistério nenhum, que eu li o jornal, que eu estava dormindo a hora que você chegou. Faça de conta que você falou sobriamente e eu faço de conta que eu gostei do café. Deixa todo o mundo fingir solidariedade, e pense só no seu umbigo. Eu tô pensando só no meu, não é? Faz de conta que o céu tá azul e que o mar tá gelado. Eu faço de conta. Faço de conta porque não sei fazer de cabeça. Não sei pôr na cabeça que o tempo é relativo, e só. Mas sei pensar que se é verdade essa relatividade, eu posso passear por ele. Ninguém mais quer pensar assim? Faz de conta que vai fechar os olhos e acordar à quilômetros da sua mente. Finge que não tem com que se preocupar, que a vida tá te vivendo, não te batendo, atropelando. Finge vai? Diz que normalidade e felicidade existem juntas, que beijo de mãe cura câncer, que tudo que se escreve é verdade, que banho lava a alma. Faz de conta que meu sapato é de vidro, que meu tapete voa, meus lobos não existem. Faz de conta que é verdade.

09 setembro 2007

Quererendo

sabe o que eu quero?
quero um muro de papéisinhos com textos e frases bonitas.
quero um pedaço de floresta no meu quintal.
um abraço apertado e cheirando à pó de arroz.
quero não querer salvar o mundo, mas querer salvar meu português errôneo.
quero que ela goste de mim, fale comigo.
quero acreditar no que eu digo e quero um cofre de porquinho.
quero também uma propaganda de tv, uma conversa boa.
se alguém insistir, também diria que eu quero compor.
andar descalça e não ter que carregar bolsa.
conhecer o hawai e lamber meu cotovelo.
jogar tênis, te contar a verdade, estudar menos, ter um lugar pra colocar todas as fotos, comer aquele prato de brigadeiro, ligar pra ele só pra perguntar se ele está bravo.
quero pegar o avião com você e continuar rindo à caminho do céu.
quero que alguém me ache legal, que alguém me faça uma visita, que alguém me chame pra um lugar novo.
bater palmas, fazer balé, uma piscina, pão com nutella e leite condensado no sabado a noite (e a sua companhia, é claro).
quero um banho de loja. reconhecimento. comprar um coelho.
quero um diário de viagem, um quarto indiano, comer marshmellow com chocolate branco, entrar pra faculdade, dançar, saber rimar, minha irmã, sair em cima do trio, férias.
quero um nome bonito, uma brisa, uma estrada em que se vai à pé, um livro bom, tempo ocioso, clima, folhas coloridas, banda de volta, filme de graça.
Sabe o que eu quero? Não?
Ainda bem, porque se você soubesse talvez eu não quisesse mais.

08 setembro 2007

Um banquinho, nenhum violão.

Eu não sei mais de violão. Tem hora que faz falta nenhuma, tem hora que faz todas elas. E ele não me escuta, ele não sabe de mim. Eu sei dele de vez enquando. Mas que diferença tem, se eu não sei mais pegar, girar, olhar e entender o que esse violão tá fazendo ali. E era pra ser bem maior. Era pra ser algo grande. Mas eu cansei de tanto pleonasmo e falta de inestima e de ele tocar-se sozinho, sem precisar nem remotamente das minhas mãos. E está dançando o quanto é triste pra mim. Por que um violão ia entristecer? Por que um violão ia dançar? Porém, pôr em evidência agora, não. A hora não permite se permitir palavras e passeios. O agora não permite pensar como iria ser se ele precisasse de mim. Se ele pelo menos me quisesse por perto pra ouvir ele tocar. Eu sei que violões sentem, mas esse sente estranho. Esse eu queria não querer entender o que ele quer. Esse só sabe falar com meias letras e proparoxítonas e meias, e indecisões inteiras e completamente subjetivas. E as minhas mãos suadas com pulsos finos entendem cada vez menos o que fazer nessas situações. Poxa, parecia tão bonito! Tocar violão é tão bonito. Mas sem a prática, sem o tempo, ele machucou meus dedos susceptíveis à ilusões, aos machucados, mais uma vez. É isso que o faz inconfiável. Ele sempre soube o quão fracos eram os meus dedos. São. E ainda assim, ninguém nunca encherga. Ninguém nunca olha quando alguém toca violão. Você só fecha os olhos e ouve. Ouve e só abre quando para-se de tocar. E é tão rápido que se vai e fecha a porta quem tocava e fica-se bêbado de música, de epifanias. De coisas secas e sem ritmo nenhum. Ele me deixou assim. Por isso que eu não quero mais saber de violão. Não prefiro não saber. Prefiro olhar para as mãos e conseguir enxerga-lás. Prefiro, do que tentar acha-lás por entre o prato de sangue e cortes e dores. Por isso vai seu violão. Vai e encosta a porta, por favor. Mas vá e me deixa de olhos fechados, porque abrir e ver só o banquinho, sem violão eu não quero. Não me ligue, não me escreva, não me esqueça. Mas pode ficar tranquilo; um dia eu (des)aprendo a tocar.

06 setembro 2007

Uma nota só

Meu ouvido tava doendo tanto. Não era nenhuma bactéria, não era água. Era aquela musica irritantemente na moda, que eu tanto odeio. Eu sempre volto pra ele. É como se ele soubesse disso. Ele quase deve pensar, hora ou outra ela vai vir, deixa eu ficar bem aqui esperando, porque ela é fraca, não vai aguentar por muito tempo. E eu volto sempre. E eu uso ele. Abuso. Piso em cima e digo que amo e que não vivo sem, mas ele sabe que é mentira. Ainda assim, ele continua ali. Bem ali, dizendo o quanto sente minha falta e o quanto eu demoro pra procurá-lo. Faz tanto tempo já. E foi quase ontem que eu percebi. Percebi o quanto ele me embala e me leva embora e me mata de cíumes quando eu sei que não é de mim que ele tá falando. E eu sei que nunca é. Mas ele sempre tá ali. é só eu girar a página umas 11 vezes. É só eu sorrir todas as vezes. É só eu fechar os olhos. Ele vem de novo. Vem comigo da escola, vai comigo pra casa. Que bobagem é essa, a gente nem combina. Ou combina demais. E ele me faz dançar, sambar sobre tudo que eu penso que é real, fica tudo ali, pisoteado. Só o rádio ligado e a música no último e a voz completamente desafinada dele no meu ouvido, de dizendo pra não dizer o que eu não digo. E eu digo. Digo que é verdade tudo que ele disser, porque é. Sempre é.

01 setembro 2007

Entrevista

- Fale mais de você?

- Eu? Jogo golf, só uso terno, coleciono selos, carros-esporte e mulheres exóticas. À mesa sou temido pelos melhores cozinheiros devido ao meu olfato canino. Pratico o Jiu Jitsu com luvas pois detesto o suor alheio. Sou dono de uma Igreja Evangélica: Jesus é o caminho e eu sou o pedágio. Possuo uma fábrica de salgadinhos kosher com mais de quinhentos rabinos aprovando cada 'snack' na linha de produção. Faço de tudo para ser um homem santo, pois no paraíso de Alah serei recompensado com setenta virgens e um orgasmo de quatrocentos anos. Tenho apenas nove dedos nas mãos pois perco uma falange a cada ato de deslealdade cometido na máfia japonesa, da qual faço parte. Meu único medo na vida é não ascender nenhum grau na maçonaria por não acreditar no 'mistério'. Tenho doze filhos: apesar de um deles ser anão, outro japonês, e mais dois negros, amo todos como se fossem legítimos filhos meus e de minha esposa fiel. Ofereço casa, comida e roupa lavada a mulheres fogosas e homens submissos que quiserem fazer parte de minha corte - festejamos trinta e sete vezes por mês, de acordo com a contagem e consenso de meu mestre druida celta e o guru indiano agregado. Tudo funciona bem, até alguém perder um olho.

(autor desconhecido)

26 agosto 2007

O vestido

Para falar a verdade, ninguém percebeu que ela estava fugindo. Ela andou por todo aquele verde sem olhar para frente, sem achar ninguém. Sem ninguém acha-lá. E ela sabia o que ia fazer; ia mesmo fugir e sentar lá e esquecer o quanto tinha gritado e chorado por causa disso, mas as pessoas que passavam por ela achavam que ela ia só tomar mais um sorvete. E é lógico que ela avisou onde ia. De que iria adiantar falar? De novo, você não iria escutar, mas a culpa não era sua. Então ela teve que escrever. E ela foi mesmo. E sentou lá e esperou a pessoa que iria tira-lá daquela sombra opaca de árvore e daquele transe de pessoa bêbada de remédios, mas ninguém veio. E ela pediu por amigos e eles não vieram. Ficou só o peso da falta de confiança. O que tinha acontecido ali? Que tipo de furacão tinha levado a porcaria do sentimendo de 'eu sempre estarei aqui pra você' desse dia? Ela precisava de uma soda. E ai você veio. E veio mesmo, inteira. Pôs a mão no ombro dela e a assustou. O que você estava fazendo ali, cara? Por que você foi? O bilhete não era um convite, era um aviso. Mas mais uma vez, com toda percepção que você sempre vai ter, você precisava fugir junto com ela. E ela amou mais uma vez com aquela força que até dói. Você sentou do lado dela enquanto ela estava de cara feia, e chorou com ela enquanto ela estava brava. E fez desfazer todos os nós nas gargantas, todos os coágulos da cabeça, todas as poeiras do pulmão. E foi ai que ela respirou. Como se você andasse por ai carregando uma árvorezinha com um florzinha vermelha que faz todo o resto parecer preto e branco. Você devia comprar um vestido. Bem bonito e comprido e rodado, ela pensou. E devia ser feliz; mais feliz do que qualquer um nessa Terra já foi. E ai ela ficou com mais raiva ainda! Era ela quem te fazia assim? Como é que ela não conseguia comprar um vestido para você e ainda falar tudo o que falou? E você apareceu com aquela havaianas preta nova e óculos quadrado e falou de você e finalmente a fez fugir para onde ela estava tentando. Para o seu mundo. Para você. Não precisava dizer mais nada, ela sempre soube. Soube que poderia deitar no seu colo e que poderia pedir o que fosse que você faria, faz, vai fazer sempre. Ela tentou se desculpar. Sem pensar, ela quis achar que podia ser para você o que você era para ela. Não é uma coisa possível. Ela sempre será mais para você do que você é para ela, e apesar de ela não saber porquê, ela entendeu naquela hora. Se tem alguém que ela queria que vivesse para sempre.. E se tem alguém no mundo que merece aquela arvorezinha com aquela florzinha ou qualquer perdão ou todas as alegrias, bom, ela já sabia quem era. E ela levantou e descobriu uma coisa: ela iria comprar um vestido para você. Ela queria te ver usando o vestido.

22 agosto 2007

Só ái.

Me descubro cada vez mais, a noite, porque sempre tem alguma idéia pra puxar as minha cobertas. E passo cada vez mais frio. Porque é frio longe de você. Só que não posso mais te falar isso: não faz mas sentido. Parece que agora nada mais faz. Eu te deixo com cansaço e te encontro com o sorriso, que me faz tão inteira. Já você, me deixa com ressentimento e me modela quando me encontra de novo. Já percebeu? Ao teu lado, sou moldada a partir de ti. E eu sinto um daqueles segundos de eternidade que tanto assustam o meu coração, acostumado com a fugacidade segura dos sentimentos superficiais, quando a gente ri. E sempre tem pessoas passando e olhando e sentindo, do mesmo jeito que eu passo e olho e sinto que te quero perto de mim, quando vejo alguém com uma sombra de sorriso dançando em volta da boca. E dá vontade de pedir pra Deus, pro Papa, pra sua mãe, pra minha... pra você. Será que você deixa você ficar comigo pra sempre? Será que eu posso te ligar? E ai eu me lembro que sempre é tão vago. Que se eu ligar, tem que ser por alguma coisa importante. Tem coisa mais importante do que te dizer que quero você do meu lado pra sempre? Tem. Talvez se eu já não tivesse dito antes, se eu não tivesse sonhado antes. Talvez se você também quisesse, mas como é que vou saber? É nessa hora que o aleatório do itunes toca uma daquelas músicas você me deu, quase como se fosse mesmo pra mim,e meu coraçãozinho idiota aperta, lembrando que você gostaria de se ler nos meus textos, e eu penso se você iria gostar de ler este aqui. Se este aqui vai ter um final feliz também. Aquela hora, eu só queria que você me dissesse que me quer; com todas as minhas vírgulas. E eu diria que te quero; como meu ponto final.

20 agosto 2007

Jardim de Academus

Palavras carcomidas graças às traças.
Minhas caras baratas estão fartas de metáforas.

Carlos Fernando Filgueiras de Magalhães

19 agosto 2007

Não me mande flores

Não mande. Não quero mais ver o mundo como vejo aquele livro. Não acho também que estou merecendo flores, nem cores, mas pelo visto não sou só eu. O problema é que você devia achar, até eu dizer que não, não me contar que eu não mereço. Não quero mais flores, presentes, cartões, palavras bonitas e abraços falsos. Quero a dor de perceber que não é a minha cabeça, que eu não sei inventar mais nada e que nada vai tocar de volta. É caminho de uma mão só e eu não vejo flores por ele. Você vê? Então pra que fingir? Não me diga que está bem, que está feliz. Não quero mais estas flores para colocar atrás da minha orelha. Para carrega-las e me lembrar que elas são suas. A minha vida está perdendo as flores. O foco agora são sementes plantadas à força nos meus pensamentos confusos. Em tempo, não tem mais vasos. Não me mande flores. Enfeitadas, brancas, enlaçadas, irritantemente perfeitas e parciais. Não, me mande logo seus espinhos. Abra furos em meus dedos, riscos em meus rostos, cortes. São melhores do que suas flores despetaladas, despedaçadas, arrancadas de ti para me dar. Flores secas e murchas guardadas dentro de livros e palavras, só para tentarem ser um pouco menos insolentes. Prefiro os espinhos de mundo e de realidade, agora que nem flores são mais tão bonitas, vindas de você. Não me mande flores.

17 agosto 2007

Como?

Como você tá? Da primeira vez eu tô bem. Eu sempre tô bem.

Como você tá? Sei lá. Tô meio sei lá. Sabe assim, meio vazia, meio cheia demais, meio no meio de mim. Sei lá como? Sei lá. Só sei lá. Sei que to aqui mas sei, tô lá. To meio assim sem saber o que pensar. Será que eu acendo a luz? E o fototropismo negativo? E se... é. Não vou acender. E se eu olhar pela janela? To me sentindo meio janta, sabe? Meio passageira. Como eu tô? To meio cozida, meio cozinhada, meio em banho-maria, se eu alguma vez entendi o que isso quis dizer. Tô com a mão meio fria e com a cabeça meio quente. To me sentindo a pessoa mais feia do mundo com esse cabelo limpo e essa unha feita. To meio sem vontades hoje. To com vontade só de ligar, de funcionar um pouquinho. Eu to meio com vontades então. Meio sem, meio com. Tô meio canto de sala. De quarto. De carro. Como é que é pra estar? Meio tráfico? Meio ponto? Ponto inteiro? (ou meio vígula)

Como você tá? Tô... não sei. Tô querendo longe. Tô longe. Ah, não é onde eu tô? Desculpa. Eu tô bem... bem errada. Bem papel de envelope. Bem? Eu? Tô legal. Pros outros. Você? Tá legal. Pros outros. Eu tô esperando fotos e balas de melancia. Tô precizando mudar de carteira. To precisando de menos sexo e mais poesia. Tô meio interjeição. Onomatopéia. Saudade. Será que eu tô meio problema hoje? Meio regra? Meio torta de morango com creme? Tô querendo uns balões de pensamento. Uns dias de vento. Tô precisando de dicionário, porque tem botão que eu não sei ler. E você? Você deve saber ler todos os botões. Todas as peças. Todas elas. Se não soubesse, iria perguntar pro dicionário? Te contar? É, vou acabar. Vai? Não vírgula, vou acabar contanto! Vou, porque eu sempre conto. Cantei hoje. Chorei hoje. Não durmi hoje. Viu só? Eu sempre conto. Eu tô sei lá. Eu disse que tô, então acredita.

Se eu vou ficar bem.. fica bem?! Não. Por que? Porquê, eu sempre digo que vou. Hoje não vou não. Porquê, eu não quero. Hoje eu tô meio sem querer. Não vou ficar bem, porque eu precisava de papel. Não me diz mais pra ficar bem.

Como você tá? Tô achando que não ficou bom.

15 agosto 2007

Manual de não-instrução

Minha vida tem um buraco que não sei de que é feito. Era para tudo ser muito fácil, mas eu encasquetei de fazer tudo do jeito mais difícil. Meu problema sou só eu. Não me odeie por eu ser assim. Eu tenho a culpa de todas as culpas e, as que não tenho, tomo para mim. Eu tenho crises de segunda a noite porque me dá um vazio de não me achar. Eu tenho crises de quarta porque me achei e não gostei. Tem quem me ache sublime por tão alegre e tão melancólica assim. Eu me acho insuportável. Ok, e ao mesmo tempo a pessoa mais legal do mundo.
Eu não gosto que me escolham caminhos e fico puta porque há um tempo tenho deixado a vida escolher. Eu tenho tudo e às vezes me sinto completamente sem nada só porque a chuva cai e o sol não brilha. E se brilha, tem o maldito tom de amarelo a que eu chamo de pureza. Que eu já não sei se sei distinguir.
Eu tenho medo de crescer e ao mesmo tempo cresci rápido demais. Eu me afobo e paro. Mas quando paro, fico afobada, porque acho que o tempo passou e eu não fui junto.
Porque você gosta de mim? Você me perguntou e se perguntou isso em um recado de voz. Eu não sei responder. Você gosta de mim por tudo o que eu sou e por tudo o que eu não sou. E eu sofro, porque não sei ser não sendo. Não ser é ser sem escolher. E eu gosto de escolher, lembra?
De verdade? Não sei porque te falo tudo isso. Acho que quero te convencer de uma vez que eu sou louca para poder agir feito uma sem o medo de de repente você descobrir que eu sou louca e de repente não gostar mais de mim. Ou quero te convencer que não existe porque gostar de mim. Só porque sou louca.
Você me pediu para escrever um poema para você. Mas para escrever poema, tem um lado meu que precisa de férias dos dedos ávidos por palavras que façam sentido sem beleza. Porque, afinal, as vezes eu acredito em beleza, as vezes não.
Sabe porque eu não me encontro? Porque por definição eu sou contraditória e quem é contraditória não pode se definir. Se não me defino, não sei quem sou, não me encontro. Mas se deixo de ser contraditória, deixo de ser eu e, logo, também não me encontro.
Me explica, porque você encanou de me encontrar?


Myla Verzola

13 agosto 2007

Precisão

Faz um tempo que eu to precisando de musica pra escrever, de óculos pra enxergar, de coragem pra fazer. Faz um tempo que eu to precisando de tempo pra estudar, de vó pra abraçar, de amiga pra conversar. Faz um tempo que eu to precisando de cabeça pra mudar, de muletas pra andar, de travesseiro pra chorar. Faz um tempinho eu precisava ir no médico, no planetário, no cemitério. Já faz algum tempo de quando eu precisava de tempo pra respirar, de coluna pra encostar, de mãos pra me empurrar. Eu to precisando de mochila pra carregar, de remédio pra passar, de agulha pra doer, de feijão pra crescer, de cócegas pra sorrir, de conversas pra fugir. Faz tempo já que eu ando precisada de um motivo pra falar, de uma bicicleta pra andar, de um chá mate gelado pra tomar, de um mar pra olhar, de um desejo pra querer, de brigadeiro pra comer. Não to precisando mais de rock pra ouvir nem de motivos pra mentir nem de frio pra sentir. To precisando de vento pra voar, de você pra me abraçar, de verdade pra viver.

10 agosto 2007

ah


Faz um tempo eu quis fazer uma canção pra você viver mais. E eu quis mesmo. Uma canção que te faça ser quem você é desde que te lembro, que não deixe ninguém esquecer o quanto você existe e gosta de vestidinhos com calça e um chinelo pra cada dia da semana, apesar de sentir frio no pé. Uma nota que mostrasse o céu laranja que você constumava enchergar e que era tão bonito, que mostrasse tudo que você é para todas as pessoas que você queria que fossem quem você era. Uma música que te tirasse daí e te trouxesse mais pra perto da irrealidade quente e doce dos sonhos bons debaixo do edredom colorido com triangulinhos. Uma canção pra você viver mais o que você sabe que quer viver e que não pode por causa de todas as cordas dessas teorias de pessoas incoerentes e sociedades impressionantes que você tanto critica e tanto ama fazer parte. Quem sabe uma pauta que te fizesse criar coragem, dizer bobagem, ver essa tal miragen da forma mais real que sua retina conseguisse projetar para seu cérebro inchado. Notas que te fizessem viajar para fora da sua cabeça e para dentro do seu pulmão, só pra você sentir de novo o oxigênio dentro de você, só pra você sentir de novo você dentro de você. Você anda tão lá fora. Anda tanto lá pra fora. Faz um tempo eu quis que você soubesse o caminho de volta, que você não se perdesse de novo, não de novo, mas eu precisaria de uma canção. De que adianta se o seu mp3 tá partido em cima do seu criado-mudo? Queria a canção pra concertar ele pra você. Pra concertar você pra ele. Faz um tempo eu quis fazer um texto pra fazer você viver. Não precisa ser mais, só viver. Viver e sentir que está sendo usada pela vida, não lutando com ela, contra ela. Sentir que pode poder. Que ninguém vai te condenar por isso. E eu quis tanto que deu no não-querer coisas queridas por alguém. E alguém já deve ter querido que você vivesse mais, mas já nao quer mais nada. Então eu ainda quero. Não faz tempo nenhum. Viva mais um pouco?

08 agosto 2007

pessoa edificada

É sempre mais fácil escrever sobre aquilo que a gente sente, sem estrutura, sem objetivo. Só falar de sentimentos, de coisas abstratas. Mas aqui está uma coisa bem concreta: eu. Eu queria tanto ser substantivo abstrato. Mas eu sou pronome pessoal. Eu sou empurrada na frente de mim mesma, me atropelo e me machuco, de tanto que existo. Existo tanto que persisto no egoísmo de mim, no conservar a compaixão e a pena de ser de água, cimento, areia e coração. Ser esparramada e batida, para depois ser pisada, para ser construída feito prédio de pé direito errado e condomínio alto. Eu sou só uma pessoa sozinha, tentando ser um sujeito qualquer sem querer de verdade. Mas meu querer não importa, porque ele é abstrato. Ele é vago. E eu sou extremamente definida, completamente solidificada. Inexistentemente espessa. Realmente densa. Vapor de gente. Gente de verdade. Verdade de concreto. Concreto de alma.

07 agosto 2007

Fila de espera

Logo tudo vai passar - ele disse. Você vai para lá e tudo vai ficar bem. Com meu cérebro expelindo tudo atravéz das lágrimas, eu olhei para ele e perguntei: Para lá onde?

03 agosto 2007

Goiânia, 3 de agosto de 2007

Oi! Que saudade de você também. Minha vida anda meio corrida, mas acho que não é só a minha. Mas no geral tá tudo bem. Aqui tá calor, mas também, não dava pra esperar outra coisa, e tá aquele céu bonito, daqueles que faz você pensar que não vale a pena ficar em casa. Vira e mexe, me dá uma saudade daqueles dias em que você aparecia de surpresa e as tardes regadas à coca-cola rendiam desabafos, fofocas e risadas, principalmente risadas, mas, infelizmente, são dias que não voltam mais. É engraçado como a gente pensa que amizade eterna vai durar um 'pra sempre' mais curto, e depois a gente percebe que amizade eterna não dura nenhum tipo de 'pra sempre', dura só aqueles momentos em que a gente tá junto. E depois, cada um vai pra um lado e a vida continua com ou sem amizades eternas, com ou sem correrias diárias, com ou sem boas lembranças. É engraçado, mas, pior que isso, é triste. É triste perceber o quanto a gente cresceu e todos os pequenos detalhes ficaram mais para trás, se isso é possível. Agora, quando a gente se encontra, só dá tempo de reclamar da vida e fazer planos no futuro do presente, antes de voltar pras respectivas rotinas de gente grande que a gente tem agora. Tudo costumava ser muito mais fácil lembra? Ou se tinha lugar pra lavar as mãos, ou comia com as mãos sujas, criança não liga pra isso! Mas agora é escola, vestibular, pais, dinheiro, namorados, problemas, e as risadas ficam cada vez mais raras, assim como as cartinhas que a gente trocava, duas por semana. Pouco a pouco, minhas novidades já não te interessam mais e as suas não são mais tão emocionantes quanto costumavam ser, até porque eu não sei sobre quem são. São novidades de pessoas que eu não cheguei a conhecer, em um mundo que eu não cheguei a viver. Mundo o qual você está vivendo agora, e que de alguma forma parece tão, mas tão longe de mim, que me dá essa saudade estranha que me faz te responder agora, depois de tanto tempo. Eu sei que você pensou que eu tinha esquecido. Eu também pensei, e de fato, seria até melhor se tivesse, porque você também não deve se lembrar mais. Mas a verdade é que essas coisas nunca vão embora. Não é a amizade eterna que fica guardada, as lembranças dos momentos bons é que são eternas e que me fazem sentir mais saudade ainda de uma coisa que não volta mais: você. Nós. Lembra que vez ou outra, depois de passar o ano todo esperando as férias, depois de passar a semana toda se preparando, a gente ia no bosque e voltavamos com a sensação de que não tinha ninguém no mundo mais feliz que a gente naquele momento? E depois que eu aprendi a andar de ônibus e a gente se aproximou muito mais, não voltamos lá, nem uma vez ser quer. As vezes fico com a impressão de que deixei minha felicidade lá. Quem sabe você, que tá mais perto, não podia ir até lá pra dar uma olhada pra mim? Eu sei que eu sempre falei que não respondia as raras cartas porque não sabia escrever cartas, mas a verdade é que eu tinha medo de que ela realmente mostrasse do que nunca eu superei. Só que, mais dia, menos dia, eu ia ter que falar que a sua amizade realmente faz falta até hoje. Mais dia, menos dia eu ia ter que falar que essa mútua falta de interesse me incomoda, e mais dia, menos dia eu vou acabar voltando só pra tentar mais uma vez. Só pra recriar mais alguns momentos, já que é disso que amizades eternas são feitas. Enquanto isso, vou escrevendo cartas que nem essa. Sem conseguir pensar em você lendo essa carta tão séria, eu termino. Manda um beijo pra todo mundo ai e não esquece de me responder, pode ser o dia que for (logo, ou daqui muito tempo). Te amo muito em todos os momentos.

02 agosto 2007

chocolate

como é que se sabe se tem algo errado? pra você, que gosto tem a dor?

01 agosto 2007

texto nenhum

Tem horas que me dá vontade de escrever aqueles textos coerentes que eu já vi tantas vezes por ai. Aqueles textos realmente dignos de qualquer publicação, os quais as pessoas leriam e iriam comentar coisas do tipo: 'você escreve muito bem' e reticências, textos que fizessem sentido na cabeça dos outros também, não só na minha, porque a minha cabeça não é nada comparada com as milhões de cabeças que existem por ai e que possam, um dia, vir a julgar meus textos sem cabeças. Dá vontade de escrever textos bíblicos, gigantescos, os quais só leriam os que realmente gostassem, os que realmente soubessem, os que não se perdessem ao longo do caminho, pensando em alguma ocorrência diária que o tal texto grande pudesse vir a mensionar. Tem horas que eu só quero ter os pensamentos organizados, as idéias nos lugares certos, todas em fila indiana, falando uma de cada vez e pedindo permissão sabe Deus pra quem, para se pronunciarem vagarozamente. Mas antes que algum pensamento racional as contenham, elas se atropelam, correm para todos os cantos, pulam pela janela, sobem pelas paredes, e gritam tão alto, que quando elas morrem no papel, minha desproporção é cuspida e escarrada, minha loucura fica estampada em todas as dobras, minha falta de mundo real é tão óbvia que, todas as horas que me dá vontade de escrever aqueles textos coerentes que eu já vi tantas vezes por ai, eu não escrevo texto nenhum.

30 julho 2007

explicitamente piegas

eu amo quando você me liga,
odeio quando tem que ir embora.
amo quando aperta o meu rosto e ri das minhas caras,
odeio quando tem gente perto e você nao pode apertar o meu rosto e rir das minhas caras.
eu amo quando você 'sem querer' me dá o seu pescoço
e odeio ter que devolver depois.
eu amo que você faz 'hum' quando me abraça,
eu odeio quando você não me abraça o suficiente.
eu amo quando a gente tá sozinho,
mas odeio quando não tem tranca.
amo quando a gente fala do futuro, amo quando a gente fala do presente,
amo quando a gente não fala nada.
odeio quando seu celular tá fora de área, odeio quando alguém te liga,
odeio quando você ri longe de mim.
eu amo a sua falha e odeio o fato de o fone nao caber na sua orelha.
amo quando você me abraça e me entorta,
odeio quando a gente brinca de brigar e eu vou sentar longe.
amo ouvir você cantarolar musiquinhas bonitinhas
e odeio quando você me manda alguma coisa bonita em quanto eu to longe.
amo admitir que senti saudade, odeio o fato de realmente sentir.
amo amar você, odeio não ter falado isso aquela hora.

28 julho 2007

Sintaxe a vontade

"Sem horas e sem dores; Respeitável público pagão!
A partir de sempre toda cura pertence a nóstoda resposta e dúvida.
Todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser.
Todo verbo é livre para ser direto ou indireto.
Nenhum predicado será prejudicado,
nem tampouco a vírgula, nem a crase nem a frase e ponto final!
Afinal, a má gramática da vida nos põe entre pausas, entre vírgula.
Se estar entre vírgulas é ser aposto, e eu aposto o oposto,
que vou cativar a todos sendo apenas um sujeito simples;
um sujeito e sua oração, sua pressa e sua prece.
Que a regência da paz sirva a todos nós... cegos ou não.
Que enxerguemos o fato de termos acessórios para nossa oração:
separados ou adjuntos, nominais ou não,
façamos parte do contexto da crônica e de todas as capas de edição especial.
Sejamos também o anúncio da contra-capa!
Mas ser a capa e ser contra-capa é a beleza da contradição.
É negar a si mesmo e negar a si mesmo é, muitas vezes,
encontrar-se com Deus. Com o teu Deus.
Sem horas e sem dores; Que nesse encontro que acontece agora
cada um possa se encontrar no outro,
até porque, tem horas que a gente se pergunta:
'por que é que não se junta tudo numa coisa só?' "

Fernando Anitelli

26 julho 2007

Toda via bossa-nova

Lá estou eu de novo sentada na cadeira cor-de-laranja ouvindo a mesma musica in loud e in pain, sentido falta dessa tal coisa que ele canta e que eu finjo que sempre sei o que é mas que nunca faz o sentindo dentro da minha cabeça. Por isso que eu volto sempre; sempre nunca vai estar tudo em plena ocupação; nunca sempre vai estar sem faltar, sem chorar, sem tremer, sem doer, sem sentir, sem mentir. E de repente todos os textos são iguais, todas as palavras são as mesmas, todas as janelas mostram a mesma rua, todos os sorrisos têm os mesmos dentes, todos os barulhos não impressionam, todos os olhares marejam, todas as bocas secam, todas as narinas dilatam, todas as roupas apertam, todos os programas são mudos, todas as conversas são furadas, todos os filmes são em preto e branco, todos os sapatos machucam, todas as musicas entristecem, todas as cadeiras são laranja, todos os violões são desafinados e todas as impressionantes revelações não impressionam nem revelam coisas que eu não sei. Sem mais nem menos, ele desafina, e dói, machuca só os meus tímpanos, porque foi só pra mim que ele cantou. É só a mim que ele encanta. É só eu que me logro, que me troco. Eu vou pra casa, não vou, só vou quando o dia clarear ou quando a noite escurecer. Eu não vou nunca; só sempre que alguém terminar de ler.

25 julho 2007

Alguém mais um

Agora só fica mesmo a vontade de escrever. De palavras bonitas o fundo da sacola está vazio, de idéias boas a caixinha já nem serve, de inspiração o coração de alguém está cheio, de paciência a cabeça de niguém mais vive. Sempre o telefone toca, ou a musica acaba, ou você chega. E quando o telefone toca, pode ser alguém importante, e quando a música acaba, pode começar outra, mas quando você chega, pode ser a pé ou voando, ai sim só resta resto. Só sobra sobras de mundo real e de inspiração que vinha aos poucos. Só fica ficção, daquelas de filme, de que talvez possa existir algo mais. E eu posso desligar o telefone ou mudar de música, mas eu não posso desligar nem mudar, eu ou você, tanto faz. Você sabe que você é minha principal falta de palavras, idéias, inspiração e paciência, não sabe? Porque, se não souber, então o que eu tô fazendo aqui? E de repende eu to contando segundos segredos pela janela e esperando por não ser só alguém, ser alguém mais um.

18 julho 2007

portrait

Será que eu ainda passo? Será que eu vou bater a cabeça? Porque agora minha mão encosta? Eu me lembro muito bem de ter que fica pulando, toda vez que chegava no 6° ou 7° degrau para ver se eu conseguia bater a mão.. E não batia. E era a maior graça. Era meu maior orgulho aquelas paredes amarelas e o interruptor dos dois lados; um lá em cima, um lá em baixo. E era como viajar por uma vida que eu não tinha vivido em alma, só em corpo. O tempo não passava: eu poderia ficar lá o dia inteiro e eu poderia levar todos para olhar as fotos e depois ver a minha carinha de orgulho e meu sorriso radiante diante das minhas memórias roubadas e sendo construidas. Hoje não passam disso: memórias. Não vejo mais a graça que via quando era criança. Vejo uma nova graça. Vejo uma saudade e uma vontade de não bater as mãos. Me vejo pequena, a observar as fotografias na escada da minha vó.

02 julho 2007

Garagem

A cada dia que passo me arrependo mais e mais de te manter só nas minhas melhores lembranças, quando na verdade eu queria te manter do meu lado. Você faz uma falta daquelas que as palavras não explicam, a distância só não justifica e os instantes que a gente passa juntos no ano não são suficientes pra me fazer acreditar que um dia vai passar, porque não passa nunca; tá sempre aqui. Fazendo falta e doendo. Me enganando todo dia fazendo eu pensar que pessoas vem e pessoas vão na nossa vida. Que mentira mais deslavada! Você não veio, nem foi. Você só fica aqui, nas minhas melhores lembranças, na minha saudade, no meu jeito de sorrir, naqueles dias que eu pego o rádio e ponho aquele cd e sento no chão e fico, fico sentindo que alguma coisa tá faltando, e me demoro sentada até perceber que o que falta é o verde dos seus olhos e o movimento dos seus dedos na corda do violão e o único silencio que eu conheço que fala mais que qualquer letra que as vezes a gente vivia, e ai tudo encaixa. E eu percebo que você sempre vai ficar na minha vida, graças à tudo que você é. E quer saber de uma coisa? Você fica porque eu quero, e esse seria um ótimo motivo pra te ter sempre por perto.

25 junho 2007

Tempo-Será

A eternidade está longe.
Menos longe que o estirão
Que existe entre o meu desejo
E a palma da minha mão.

Um dia serei feliz?
Sim, mas não há de ser já:
A eternidade está longe,
Brinca de tempo-será.

Manuel Bandeira

23 junho 2007

Capitalista

Sou mesmo, e daí? Não ligo se você acha egoísta da minha parte, mas sou capitalista e pronto! Como te parece a idéia de comprar um sorriso? A mim me agrada, ainda mais se for com outro sorriso. E a idéia de financiar uma ajuda, e pagar quando puder? Idéia particular inalienável, liberdade de contrato e de dispensa, lei da disponibilidade e da necessidade, exagero de opções. Resultado: Difença. O capitalismo gera maior riqueza (cultural, ideal, intelectual, opcional, diferencial) para a sociedade, e os comunitas que me perdoem, mas que graça há em ter as mesmas coisas? Prefiros ter meus próprios sonhos, meus próprios ideais, minhas própias metas, meu próprio rumo, ter pessoas diferentes, ser pessoas diferentes, ter vários rostos, várias desculpas, várias noções de errado que parece certo e de certo que parece incomum e de incomum que parece comigo. Há quem diga que o capital é o mais importante item do sistema. Concordo plenamente. Ai está minha cabeça, aberta para compra, troca, uso e desuso; eis o capital. Prefiro ter prateleiras de abraços dos mais caros e de palavrões dos mais baratos em supermercados 24hras, à palavras ditadas e sugeridas em horários pré-determinados e preços pré-estabelecidos por quem quer saber mais da minha vida do que eu mesma. Puis minha vida em liquidação. É de quem chegar primeiro. É de quem levar os sorrisos, os abraços, os palavrões, os sonhos, os rumos, e pagar à vista, sem direito à troca nem devolução. Peça única, graças ao sistema. Portanto, sim, sou egoísta, individualista, idealista. Sou só capitalista.